O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

quarta-feira, julho 25, 2007

Política pró-natalidade



Barcelona está pelo segundo dia às escuras. Como é habitual nestes casos, daqui a nove meses as maternidades estão cheias...

Em Portugal, há uns anos aconteceu o mesmo. As causas do ocorrido, em Espanha foram a queda de um cabo de alta tensão... entre nós, na altura, a culpa foi de uma cegonha! E ainda dizem que não temos sentido de humor...

terça-feira, julho 10, 2007

Merece ser visto!

Alertaram-me para isto no outro dia. Acho que merece ser visto, ouvido e principalmente respeitada a mensagem.

sexta-feira, julho 06, 2007

E a notícia do dia é...

... a hipótese de transformação do Estádio da Luz num imenso pagode chinês!

Tá! Obrigado pelo carinho e amizade...

No fundo é uma opinião...
Se quiserem saber qual cliquem no título! Não assumo qualquer responsabilidade quanto à limpeza...

quinta-feira, julho 05, 2007

Flexisegurança!

Gosto da palavra pá!
É moderna...
Hã! E vai poupar muito dinheiro aos cofres públicos; consta que com a lei da mobilidade, os deputados, ministros, secretários de Estado e restante séquito governamental que residam fora de Lisboa, vão deixar de receber toda aquela parafrenália de subsídios... alojamento, deslocação, insularidade, etc, etc...
Quanto ao subsídio de reintegração (é engraçado isto; parece que estiveram presos ou privados de contacto com a sociedade!), deverá ser reforçado, logicamente...

Quem ontem seguiu a entrevista a Lula da Silva na RTP, facilmente percebe a razão da sua popularidade; o homem sabe falar e cativa como qualquer bom brasileiro de bem com a vida!
Para mais, o Brasil tem apresentado excelentes resultados económicos e demonstrado porque há quem considere que, se quisesse, poderia tornar-se numa das mais poderosas nações do Mundo.
Reconheça-se: Sócrates também esteve bem ao dar a primazia da conversa a Lula e a secundá-lo na maioria das matérias. Começo a convercer-me que, afinal, é mesmo verdade que o trabalhador português trabalha muito melhor no estrangeiro. Sim, eu sei. A Presidência da Comunidade acontece cá, mas os assuntos são Europeus. E, para já, começaram bem. Com um pouco de sorte, conseguimos até despachar Sócrates para um qualquer cargo em Bruxelas...
Façamos figas!

No mínimo... ridículo!

A Assembleia da República, constituída, se a memória não me falha, por 230 funcionários públicos pagos pelos impostos de todos nós, discutiu, um destes dias, uma gravíssima questão em torno de um exame nacional de Química.
O interesse não era obviamente saber porque tal erro acontecera mas sim pedir a cabeça da respectiva Ministra. Felizmente vivemos num País onde a falta de assuntos relevantes, obriga estes senhores e senhoras a ocuparem o seu tempo com, repita-se, a formulação de uma pergunta de um exame nacional de Química.
Não quero bater mais no ceguinho; de facto, esta Ministra vai de disparate em disparate, as provas de incompetência e falta de capacidade acumulam-se, mas, para mal dos nossos pecados, nem é a única neste governo a acumular tais predicados, nem, pior ainda, a manifestar uma total e absoluta arrogância ou falta de capacidade em se expressar, logo, em saber gerir conflitos. Mas, daí a responsabilizar a Ministra da Educação sobre a formulação de uma prova... vai um grande passo! O mesmo é dizer que sobre a sua secretária deveriam recair, à priori, os enunciados de todas as provas e por ela serem aprovados, depreendendo-se com isso de que não teria nem mais nada para fazer, como ainda que dominaria todas as matérias.
Mas, sim, tem como obrigação apurar responsabilidades e saber porque tal aconteceu. Saber, inclusive, porque será que este ano se repetiram situações conflituosas com provas nacionais; a memória não é tão curta que me esqueça o que no ano passado ocorreu...
Por mim, não me custa perceber porque uma pergunta que valia 40 por cento do teste — 8 pontos em 20 e sim, é só fazer as contas... — foi anulada. É fácil dizer que a questão estava mal enunciada. Ainda que não entenda porque raio alguém, que deve ter tido meses para preparar um teste, para formular uma pergunta tão importante que valia quase metade do mesmo, o faz de forma incorrecta — e mais ninguém repara, nem a põe em questão, caramba, por quantos professores é constituído o grupo de trabalho e há quantos anos se fazem exames neste País?! —, a resolução passa por colocar todos os responsáveis pela elaboração de provas a fazerem provas de português! Sim! A demonstrarem que sabem escrever correctamente, que sabem interpretar, que sabem explicar e que sabem questionar!
Infelizmente, como sabemos e os exemplos abundam, a verdade é bem diversa...
Vocês «hadém»(*) ver como tenho razão!

(*) Pergunta 1 de História: como se chamava o Ministro que utilizou tal expressão?

quarta-feira, julho 04, 2007


PORTUGAL tem de facto sítios lindos e maravilhosos para relaxar e descontrair e alguns até podem estar escondidos bem próximo do local onde vivemos.




Há alturas em que preciso de estar só para colocar os pensamentos em ordem
e encontrar o sentido das coisas.






Quando sinto essa necessidade, procuro locais com muita água.
Preciso da sua proximidade, do seu contacto, de a ouvir e de a ver fervilhar de vida;
água é vida, a sua principal fonte geradora, mas também purificadora...

Mar e praia estavam fora de hipótese por razões óbvias de sossego;
e aqui, entre o som das cigarras e dos pássaros,
do borbulhar que o saltar da fataça faz na água,
no seu correr em pequenas cascatas, estirei-me sobre a pedra quente do sol
e senti a brisa correr ao longo do corpo
A visão era de pedra, cascalho, água e muito verde que se perdia na linha do horizonte
até se encontrar com o azul do céu

E à memória vieram os versos da «Paciência» de Lenine e Dudu Falcão:
«Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
E o mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára (a vida não pára não)
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara (a vida não pára não... a vida é tão rara)
A vida é tão rara»

Mas a vida não é assim tão rara, não pode ser!...
Porque as coisas raras são preciosas e,
se tivessemos a consciência do quanto pode ser escasso o seu valor,
não o desperdiçamos em tempo perdido, com disparates e irritações sem importância.
Ou, como ainda no outro dia me lembraram:
«viver é a coisa mais rara do mundo, a maioria das pessoas apenas existe».

E sim! Aqui havia vida e era bela de contemplar...




Tanto assim era que, neste mesmo local, entre os sons da natureza
e na mais absoluta comunhão com ela




estabeleci uma ponte com a mais profunda vontade de viver!
Tirei toda a roupa e mergulhei nas águas mornas,
senti os pés enterrarem no cascalho e cortarem-se nas pedras pontiagudas e,
sem ver o fundo, dei dois pontapés que quase me quebraram o «dedão»,
já que a onda é brasileira...

Os peixinhos gostaram que tivesse revolvido o chão e agradecidos vieram debicar-me.
Sai e sequei-me na brisa do final de tarde,
esperando que não aparecesse por ali mais ninguém...


Ainda estou a curar o resfriado;
sinto que a vida se está a ir toda aos poucos,
nos lenços de papel que vou deitando para o caixote.
Mas, se me constipo, logo existo!
E se existo hei-de lá voltar para o voltar para o reencontrar...


e tentar descobrir como raio esta pedra ficou assim destoando de todas as outras!


Hã! Mas se estiver muito sol, desta vez levo chapéu!


terça-feira, junho 26, 2007

Pai sofre...




A verdade é que até teve partes muito divertidas e agradáveis...

Por exemplo, logo no início...
Hã! Olá, sim estou por aqui como estás?
Um momento! Volto daqui a nada para contar o resto...

segunda-feira, junho 25, 2007

É caso para dizer...

... faz tu que hoje não me dá jeito!...

http://www.youtube.com/watch?v=Rc03n51Injo


Bora lá fazer a puta da revolução
Dar a volta a esta merda de uma vez por todas
Eu não consigo compactuar com este estado de coisas
Tá na hora de tocarmos no assunto com as nossas mãos
Vamos ver…

Segunda não dá jeito porque saio sempre tarde
À Terça e à Quinta tenho terapia, não dá para faltar
Às Quartas tenho a lerpa com a rapaziada, sabes que a cartada é sagrada boy, não me digas nada
Sexta-Feira é dia de apanhar uma bela toca
Sábado levo o puto ao HappyMeal com um sorriso na boca
Resta o Domingo, só espero não tar muito cansado
Se o Benfica não jogar boy, tá combinado.

(Revolução - DA WEASEL)

sexta-feira, junho 22, 2007

É uma loucura!

ou o triunfo do non sense...
http://www.youtube.com/watch?v=uzA0nG_PurQ

É preciso ter azar!...

Bolas! Não basta ser português e ter pouco para onde fugir; o pessoal bem pode atirar-se ao mar que já pouco lhe resta.

Senão vejamos:

Para nos tratar da Saúde temos um cabotino que, volta e meia, gosta de fazer palhaçadas como partir cadeiras, além de demonstra uma incompetência e total desconhecimento do Ministério que deveria gerir.
Resultado: o sector vai de mal a pior... em vez de se curar... morre-se! Porreiro...

Para gerir as pontes, as estradas e tudo quanto sejam as obras públicas quem nos calhou? Um desatino de figura que ora diz uma coisa, ora diz outra, ora quer uma coisa, ora quer outra, ora sabe, ora não sabe (excepto falar francês, claro...). Não nos esqueçamos que é sobre esta sebosa cabecinha que repousa a responsabilidade de gerir os muitos milhares de milhões de dinheirinho que todos os meses nos é sacado do ordenado...
Porreiro!...

Quanto à senhora da Educação... bem, a anedota só seria completa se ela própria fosse obrigada a fazer, digamos, um exame de aferição. É triste de facto. Muito triste. Há duas, repito duas ministras neste propalado (des)governo «da paridade» (a outra é a da cultura e, felizmente, parece que já foram substituídos, por «gente de confiança», todos os postos principais de Teatros Nacionais e Museus, senão ainda se ouvia falar nela...) e logo tinham que ser tais personagens as eleitas!... Enfim, assim como assim, é uma boa desculpa para só haver duas; imagine-se se fossem escolhidas mais da mesma colheita!

Quem falta de relevante nesta paródia? Hã... o Pinho, pois claro! O sr. da Economia que pretende atrair investimento chinês em Portugal oferecendo baixos salários, que procura contentar o fecho de fábricas com pretensos futuros empregos que afinal já existiam e por ai diante...
É um autêntico ALL Porreirismo no engana o zé povinho...

E será que a desgraça está completa?
Não! Infelizmente não...

O único ministro aparentemente competente na sua pasta é exactamente aquele que podia ser, digamos, um bocadinho mais complacente connosco, pobres assalariados!
Falo das Finanças. Livra, que os tipos dos impostos ultimamente não perdoam uma! Esta história de equilibrar o défice é lixado. Se bem que, assim ou assim, de uma forma ou de outra, a malta até já está habituada a pagar a crise...

quinta-feira, junho 21, 2007

Vale a pena ver...

... com paciência até ao fim! E escutar bem...

http://www.youtube.com/watch?v=xIfBwHKw9xw

segunda-feira, junho 18, 2007

Em terra de cegos... quem tem olho é Rei!

E mais uma vez me sento com a firme vontade de não parecer negativo. O que não é fácil face ao rumo a que os dias deste Portugal nos levam.
Começa a ser evidente (ou deveria...) para a maioria dos portugueses, que os méritos deste governo quanto ao chamado equilíbrio governamental estão no corte de despesas e não na criação de riqueza. Na despesa de alguns entenda-se, nos que não tem poder para incomodar, nos que mais necessitam, nos demasiado fracos para terem forças para reclamar.
Dos fracos não reza a história é um dito por este PS levado literalmente à letra. E, se há pensionista que reclame por cada vez mais sentir que perde poder, ia dizer de compra mas é mais de viver, pois então que se lhe retire a vida que é menos uma despesa!
Sim! Pergunte-se com toda a propriedade, quem vai ser criminalmente, repito criminalmente penalizado, por uma paciente ter morrido por falta atempada de cuidados de saúde, apenas e só segundo a óptica de redução de despesas?; Ou quando o mesmo acontecer a uma grávida em complicações de parto, impossíveis de serem resolvidos no interior de uma ambulância, a caminho de Espanha?; Ou até mesmo no caso da professora, literalmente obrigada a trabalhar até à morte?!
Mas este País vive, infelizmente, cada vez mais mergulhado na sua velha valsa de questiúnculas e seus derivados, que consistem em saber se o PM é efectivamente engenheiro ou não (quando o mais importante para aferir da sua honorabilidade era apurar se houve ou não fraude documental ou processual e qual o seu grau de implicação), se um funcionário público pode ou não contar anedotas sobre o caso e que poder tem uma «funcionária/simpatizante» deste partido que nos desgoverna para levantar processos disciplinares contra terceiros face aos «telhados de vidro» que aparentemente acarreta.
Hã, como vai ser lindo ver como funcionam as simpatias e os «poderzinhos» de certos «chefes de repartição» idiotas e filhos da puta, de repente com o poder de atribuírem méritos e desméritos a funcionários públicos. Cheira-me que o deboche vai ser uma alegria para alguns…
Infelizmente este Povo parece andar demasiado amorfo e mais preocupado com o seu próprio umbigo! E só parece dar conta do atoleiro para onde o transportam quando, como se costuma dizer, o azar lhe bate à porta!
Verdade seja dita, o mais sofrível disto tudo é olhar à Direita, olhar à Esquerda e não vislumbrar uma única alternativa decente e credível. Por muito menos começaram muitas encapuçadas ou declaradas formas de ditadura, por muito menos alguns países foram arrastados para o caos.




*

Tenho a perfeita consciência que esta é uma visão demasiado pessimista. Vivemos afinal, e felizmente, numa democracia. Mas nem mesmo as democracias são regimes perfeitos e, diga-se de forma assumidamente redundante... «democráticos». Há formas de transportar «democraticamente» um Povo num sentido. Principalmente um Povo a quem parece agradar, talvez pela segurança aparente que tais lideranças provocam sobre as inseguranças individuais de cada cidadão, atitudes autoritárias. Assim se explica a saudade que certos nomes continuam a suscitar. Se entendo o sentimento em alguns que nesse tempo viveram e desse regime retiraram proveito e proventos, só o percebo nos mais jovens pela ideia subjacente de, do mesmo modo, poderem também lucrar alguma coisa, quanto mais não seja a satisfação dos seus mais primários instintos masoquistas.
Bolas! Vivi a minha adolescência num País governado por uma ditadura. Tinha coisas boas, não sei quais, mas tinha certamente coisas más, realmente muito más. Não creio que uma ditadura, seja ela dita de esquerda, seja ela designada de direita, se distinga nos seus objectivos finais. Mal por mal, prefiro viver num País em que, de forma mais ou menos correcta, possa dizer o que penso e o que acho.
Pois, por muito que me custe a admiti-lo — e, reconheço, demorei a admiti-lo por o achar demasiado inverosímil, demasiado «Ficheiros Secretos», este governo tenta desesperadamente controlar a opinião e a informação dos órgãos de comunicação deste País. Nunca, em nenhuma outra situação ou em qualquer outro governo, passado o desmando revolucionário de Abril, o poder se imiscuiu tanto nas redacções. Creio que nem mesmo quando a ele lhe pertenciam a maioria das rádios, jornais e televisão deste País. Ou se o fez, foi de forma muito menos encapotada, ordinária, primária e cobarde, como actualmente tenta fazer.
Controlar o acesso à informação de um Povo é uma das melhores formas de controlar a sua vontade e o direccionar. Felizmente, hoje, há a internet, felizmente hoje é juridicamente possível e mais fácil fazer um jornal (mantê-lo é outra coisa...) e felizmente, hoje, os portugueses estão um bocadinho mais instruídos.
Aliás, creio mesmo que definitivamente mais instruídos quando se lhes esgota o trigésimo crédito contraído para pagar os anteriores, quando percebem que aquelas folhinhas que o Banco lhes deu aquando do crédito hipotecário e onde constavam as prestações da casa, face a uma previsível subida da taxa de juros, eram mesmo para serem lidas e tomadas em conta, quando descobrem que o familiar perdeu direito a um benefício, porque o Estado se furta sem aviso ou razão, ou quando o mesmo Estado se demite das suas obrigações constitucionais, repito constitucionais porque constam na constituição, de prover, por exemplo, educação e saúde para todos sem distinção... e o rol poderia continuar...
Mas, triste, triste mesmo, é olhar à Direita, olhar à Esquerda, e não vislumbrar alternativa credível!



*


Não que se olhe em frente e se encontre. Houve um tempo em que, sem acreditar nas suas capacidades, acreditei na sua vontade. De Sócrates, entenda-se.
Ele, o PM que vive rodeado, ainda não percebi se de incompetentes, se de perfeitos asnos. Às vezes, e acredito pelo que leio e oiço que não seja só eu a senti-lo, dizia, às vezes, as asneiras são demasiadas e exageradamente primárias, para parecerem realidade. Até parece que eles concorrem entre si a um qualquer prémio! Desde o Campos árido da Saúde — que ora fecha ora nunca previu fechar hospitais, ora tem dinheiro para financiar abortos ora se calhar terá que por as crianças a pagar taxas moderadoras —, ao desatino desértico do Lino — que se esquece que é no seu Conselho de Ministros que se decidem fechar escolas e hospitais na margem Sul, ora quer um aeroporto da Ota ora encara outras alternativas, ora quer só um aeroporto ora encara dois — passando pelo caruncho do Pinho — que assegura os baixos salários dos portugueses ora promete novos empregos que já existem —... venha o Diabo e escolha! Não que a Educação ou a Cultura sejam melhores; são simplesmente menos más, dizem um bocadinho menos de disparates e acabam por passar despercebidas.
Realmente começo a entender que só acabe na política quem não consiga outro emprego ou espere um dia poder vir a lucrar com os conhecimentos pessoais que entretanto adquirir. Quem realmente for competente neste País ou envereda pelo privado ou, mais inteligentemente, emigra. Os poucos casos de nomes realmente competentes que passaram por este ou por outros governos, na verdade acabaram por «bater com a porta» rapidamente. Se calhar, digo eu, eram demasiado honestos para tanta bandalheira!
Eu sei, volto a repeti-lo, talvez esta seja uma visão demasiado pessimista da realidade; mas... olhem-se para os autarcas e sucessivos escândalos; olhem-se para alguns ministros, secretários de Estado e, em abono da verdade, interroguemo-nos: são coerentes? São capazes? Mostram competência? Ou, ainda mais facilmente: seríamos capazes de lhes comprar, por exemplo, um carro que nos quisessem vender?
Oh God, olhe-se à Direita, olhe-se à Esquerda, e vislumbre-se alternativa... onde está ela?...


*

O mais curioso disto tudo, mas que em parte advém exactamente da questão com que acabo cada trecho, é que, quanto mais a popularidade do governo se afunda, mais a de Sócrates sobe ou se consolida.
Não se tentem encontrar explicações demasiado fáceis; elas são muito mais complicadas, filosóficas e rocambolescas.
Quem é o maior fatia de eleitores deste País? Mulheres, claro! E Sócrates é ainda, o menino que muitas mães admiram, o homem firme e com autoridade que a outras fascina. Quando as mães se sentirem desiludidas «na pele» e o resolverem colocar «de castigo»; e quando as restantes descobrirem que confundiram a segurança da autoridade com o despotismo do autoritarismo a que nem leis da paridade, da IVG e outras que tais ditas para consolidar o papel da mulher já conseguirão convencer, aí então… bem pode Sócrates arrepiar caminho...
É que para o género feminino, pior do que desculpar uma traição, é sentir que conseguiram fazê-las acreditar numa mão cheia de nada.
E nada, não existe.
Mesmo com a sorte que o homem tem de, seja pela Direita ou pela Esquerda não se descortinarem alternativas...
Realmente!

*

Mas chegue-se de falar em desgraças governativas e abordem-se outras. O caso do rapto da criança inglesa, por exemplo!
É impressão minha, impressão repito, ou há qualquer coisa que começa a não bater certo na atitude dos pais?
Quer dizer; eu até entendo que alimentem constantemente os media com informações. Coloco até a hipótese de, directamente deles ou de alguém próximo, terem surgido algumas falsas pistas (casos do telefonema espanhol ou mais recentemente da carta anónima holandesa), simplesmente para não fazer cair o caso no esquecimento.
Mas, chamemos-lhe um pressentimento, há qualquer coisa, há atitudes que não parecem bater certo. Já as tive aquando do caso Joana, a menina desaparecida também no Algarve e cuja mãe foi acusada de homicídio. Sempre me inclinei para a hipótese dela ter sido simplesmente vendida e tudo não ter passado de uma orquestração com o fito de evitarem desvendar o seu paradeiro, esperando que a falta de provas, neste caso o corpo, acabasse por ilibar os réus. Não fosse talvez a trapalhada criada pela desavença então existente entre a GNR e a PJ e talvez o desfecho tivesse sido outro...
Mas adiante; neste caso, é igualmente estranho não haver informações — ou sequer conhecimento de que tal tivesse sido feito —, de averiguações profundas à hipótese da criança ter sido levada para fora do País de barco. Teria sido a forma mais fácil e até provavelmente a mais segura para os raptores!
Por outro lado, também não vi em nenhum lado a possibilidade pura e simples, da menina ter abandonado, pelo seu próprio pé, a casa onde se encontrava! E se as crianças são capazes de fazerem coisas que julgamos impossíveis...
E, no meio de tudo isto, não é que um cidadão inglês parece ter comprado o apartamento? Mas então ele estava à venda? E com tantos que certamente há nessas condições, logo aquele?
Hã, sem esquecer que há dinheiro para gastar num estádio de futebol em zona de guerra, mas aparentemente não para equipar a PJ de um laboratório e de pessoal que forneça em tempo útil o resultado das análises efectuadas às provas recolhidas...
Enfim...

*

O Estádio a que me refiro fica situado nos arredores de Belém, na Cisjordânia. A sua construção foi financiada por Portugal e «custou-nos» dois milhões de dólares.
Somos definitivamente um País rico, mãos largas, um País onde dois milhões de dólares pouco serviriam aos mais carenciados e indigentes.
Acho que nem vale a pena falar mais de uma infra-estrutura que, esperemos, não seja um destes dias destruída pela aviação israelita por acharem que no seu interior se agrupa uma qualquer facção palestina hostil.
Questione-se apenas: chama-se… Estádio Portugal? Eusébio? Vasco da Gama? AllGarve? Galo de Barcelos? Zé Povinho? Enfim, qualquer coisa portuguesa nem que seja «tremoço»? Nã… não parece!


*

Vivi, nos últimos trinta dias, o efeito da total desorientação em que este país está a mergulhar. Por circunstâncias demasiado extensas para estar a relatar, a minha carta de condução foi «caçada» por trinta dias.
Há efeitos desagradáveis como o facto de estarmos demasiado acomodados à ideia de termos carro; durante esse período, a vida, até mesmo profissional, tem que ser ajustada, ainda que, em abono da verdade, motivos piores existem que nos podem impedir de conduzir.
Evidente que, para aumentar a provação, é exactamente nessas alturas em que surgem situações imprevistas que nos obrigam a «inventar» alternativas para não deixar de estar presente quando, por exemplo, uma das filhas recorre às urgências hospitalares.
Mas tem o seu lado bom: andamos mais a pé e de bicicleta (até é possível ir às compras e gasta-se menos pois não se carregam supérfluos!) além de se poupar o ambiente recorrendo mais aos transportes públicos.
O que eu não sabia é que a penalização acessória não começa e acaba no simples facto de entregarmos a carta e passado o tempo determinado, recolhermo-la.
Não! As provações começam no facto de o ofício nos dar 15 dias para organizarmos a vida e indicar-nos termos que nos deslocar à delegação da DGV na área de residência.
Ora:

1.º A DGV oficialmente já não existe mas mantêm-se em funcionamento porque não se sabe bem o que a substituirá
2.º Face a isso, muitos funcionários pediram transferência, outros a reforma e os parvos que restaram ficaram com o trabalho, pois não se admite pessoal para um organismo que não existe

3.º A DGV, o que era ou que é, da área de residência, pode ficar a quilómetros, enquanto que a mais próxima do local de trabalho a centenas de metros, mas há que cumprir a lei.

4.º Existe ainda a possibilidade de o fazer num Posto da GNR. Se eles quiserem. E em três deslocações ao mesmo posto, da primeira não queriam, da segunda aceitavam e da terceira, que pensei definitiva, nunca tinham ouvido falar de tal

5.º Contacto telefónico com a DGV não há, Ou melhor, há um call center que nada informa e onde as funcionárias arrogantemente parecem estar a mascar pastilha e arranjarem as unhas…

6.º Mas, milagre dos milagres, atenderam o telefone em Setúbal. E simpaticamente disseram-me para enviar a carta pelo correio, registada e com aviso de recepção, mais um vale postal e envelope para a devolução. Depois, em data próxima, que voltasse a ligar para os lembrar, não fosse com a falta de pessoal…

7,º É evidente que nem voltaram a atender o telefone, nem na data recebi de volta a carta. O feriado em Lisboa permitiu-me a deslocação — sim de comboio e de bicicleta para bem da saúde —, onde, hora e meia de espera numa sala onde o tecto falso demonstrava a abundante invasão de água e explicava o cheiro a humidade que empestava o ambiente superlotado (e nada de casas de banho), lá fui atendido.

8.º Atendido de forma simpática! Ineficaz mas simpática. Mas tinha sorriso! Tive pena e senti admiração. Pensando bem acho que nem era simpatia; era já a pura resignação da funcionária face a todas estas condicionantes! Após investigar, sim efectivamente a carta já me tinha sido enviada pelo correio na semana anterior. Não a tinha recebido? Bem, os correios demoram tempo… Uma carta registada é de um dia para o outro? Olha que engraçado, não sabia!
Senti vontade de lhe perguntar se achava que a carta iria de Setúbal a Lisboa de bicicleta! Bem, e que tal dar-me o número de registo? Assim investigaria o paradeiro da mesma… Ui! Não era possível, eram muitas! Mas certamente amanhã tê-la-ia! Senão… telefonasse!

9,º Depois de abandonar a DGV vencido pela exasperante sensação de frustração, lembrei-me que, naquelas duas horas, jamais ouvira um telefone tocar ou alguém falar através de um…

10.º No dia seguinte recebi uma carta registada. Era da DGV. O carimbo do correio indicava ter sido enviada no dia anterior!


*


Isto já vai demasiado longo o que explica porque não sei fazer bilhetes postais. Terei queda para testamentos?


*

Mas não quero deixar de falar de um assunto, antes que volte a levar um valente puxão de orelhas. Às vezes evito personalizar demasiado o que escrevo, mas há factos que não me é possível evitar.
Tal como aconteceu há uns meses com a sua irmã, coube agora à fã n.º 1 dos Morangos e dos 4taste fazer anos.
Há partidas que a vida me prega, imprevistos que acontecem e me obrigam a mudar de rumo e ela foi certamente não apenas um dos maiores como verdadeiramente o mais agradável.
Esta miúda é um risco, uma partida e um sobressalto constante desde o dia em que, não mais do que cinco meses após o nascimento da sua irmã, ter decidido começar a formar-se. E, quando ela decide, o facto consuma-se!
Com o seu nascimento veio o primeiro susto de uma alergia por ter estado à sombra (!) na praia, por, quando ainda mal andava, logo cair e abrir um lenho na cabeça que quase fez desmaiar… a irmã!, das múltiplas idas ao hospital prestes a desfalecer por aguentar estoicamente e com toda a energia febres, infecções e dores além dos limites…
Mas, claro, também pelos «ouvidos de mercador» a todos os alertas, por, de tão sossegada até aprender a andar rapidamente passou a um diabrete completamente imprevisivel mal percebeu como era fácil equilibrar-se, da rápida, segura e decidida opção de deixar a fralda...
Quando aqui há meses falava e defendia o «Não» ao aborto, não o fiz de ânimo leve. Não irei voltar a discutir o assunto, apenas nunca deixei de sentir que o fazia com propriedade, sentimento e razão!
Face a todas as circunstâncias da altura em que se constatou a gravidez, cheguei a ouvir que essa poderia ser uma solução. Nunca tal conversei com a mãe delas, certamente que ela o terá ouvido também, mas, entre nós, nunca tal situação necessitou sequer de ser equacionada.
Evidentemente, tive a sorte de ela ser — pese embora todas as divergências que hoje temos quanto à educação das filhas —, uma grande mulher e uma grande mãe! Foi complicado para os dois, para ela foi certamente muito mais.
Hoje, quando olho para a Filipa, sinto que todos os desesperos, todas as noites mal dormidas, todas as férias desmarcadas, todas as ginásticas orçamentais e todas as dores de cabeça tidas (mais as que certamente por ela virei a ter)… compensam!
Não raras vezes, consegue ser desesperadamente embirrenta na sua teimosia, na sua falta de tacto a julgar o que a rodeia ou a interrogar, até no seu aparente desinteresse por tanta coisa… Noutras, dou por mim fascinado como tanta rebeldia se transforma num ápice na mais pura preocupação, doçura e dedicação; no fascínio e interesse perante pequenas outras coisas (aleluia!), nas perguntas complicadas e com oportunidade, no seu rápido sentido prático e no fino e corrosivo humor com que remata e não raras vezes frustra as minhas longas dissertações!
E, há momentos em que dou por mim a perceber, como parte do meu desespero advém de atitudes iguais às que eu tinha na idade dela!
O que então disse aquando dos anos da irmã, aplica-se inteiramente a ela. Faço questão que saiba que jamais deixarei de reivindicar, em gestos e atitudes, o meu papel de Pai, mas também de amigo e de alguém que, embora às vezes um pouco perdido e desesperado, tenta entender para além das palavras e das acções. Esse é, certamente, o meu maior desafio, mas que aceitei deste o momento em que nasceu. Por tudo aquilo que recebo em troca e porque todo o meu equilíbrio e complemento emocionais residem aí: nelas. E se as souber bem… estarei bem também!

quinta-feira, maio 24, 2007

O transbordar do penico!

Opá. De repente lembrei-me de uma música. Obviamente que a melodia é «A Casa» de Vinicius...

Era um ministro
Muito engraçado
Ele tinha braço
Ele tinha perna
Ele tinha tudo

Mas ele não tinha
Não tinha não
Muito cabelo
E barba também não

Também não tinha
Não tinha não
Debaixo da careca
Não havia juízo
E cérebro também não!

É impressão minha... ou há gente dentro do PS decididamente desesperada perante a hipótese do novo aeroporto não ser construído na OTA? Até Almeida Santos, que tomo por alguém de bom senso vem à liça colocar um cenário de um atentado terrorista numa das pontes!

Por amor de Deus. Até que nem quero ter aviões a passar por cima da minha cabeça; muito menos assistir à destruição da imagem de «campo» que algumas zonas da Margem Sul ainda conservam, mesmo se, infelizmente, muitas tem desaparecido por causa dos prédios cujas casas permanecem anos à venda... Mas isto!

Começo a ter pena de Sócrates. Deve ser difícil gerir um bando de anormais que só sabem dar tiros nos próprios pés... desde a educação à saúde, como a última de Correia de Campos, o Ministro da Saúde que veio falar da sustentabilidade do SNS à custa do reforço das taxas moderadoras... depois de, ainda não muitos meses, ter dito que o mesmo SNS dispunha de não sei quantos milhões de contos para financiar abortos!

Será que o Ministro Lino ao dizer o que disse, se esqueceu que foi o seu governo que quis fechar o hospital do Montijo e transferir tudo para Setúbal? E vem falar da falta de hospitais, escolas e serviços na margem sul. Pois venha sr. ministro. Talvez também possa falar das escolas que o governo tem fechado... dos centros de saúde prometidos e não ainda não construídos por falta de verbas... do desinvestimento na segurança... quer?

No fundo, a estratégia é simples. Os próprios alemães quiseram-na seguir para apuramento da raça. Neste caso, deixa-se morrer mais rapidamente os idosos e as crianças mais fracas, por falta de atendimento atempado, aumenta-se a pobreza para baixar o grau de exigência em matéria salarial e enriquece-se ainda mais quem já é rico à espera que invista.

Hitler ao menos foi menos cínico. Sempre disse o que queria, o que pretendia e para fazer sofrer menos tratou de construir logo câmaras de gás. Pelo menos diminuiu o tempo de sofrimento!

Em qualquer dos casos... o contrato para fornecimento de gás argelino até pode ter outro sentido! Se repararmos em quem o assinou...

Para além do Lino sem tino foi o mesmo Pinho que quis encantar a China com os baixos salários dos trabalhadores portugueses...

Pensado bem, não tenho pena de engenheiros da desgraça. Teve direito a escolher a sua equipa. E, pelo menos no futebol, normalmente o primeiro a ser corrido é sempre o treinador...

quarta-feira, maio 23, 2007

Mês das aparições!


Sento-me, abro o programa e começo a teclar com o firme propósito de escrever algo positivo; ou, pelo menos, não negativo!

Não tenho cá vindo e se este é o meu caderno de desabafos e a minha forma de psicanálise isso só pode ser bom sinal! A não necessidade de o fazer, e não é nem por falta de oportunidade ou tempo, significará que me equilibro?

Óptimo! Talvez por isso não atinja o génio de um Woody Allen, por outro lado significa também que consigo encontrar nos amigos certos, ajuda na árdua tarefa de compreender-me e compreender por onde e para onde me movo.

Reconforta saber que sentirão o mesmo.

A idade e experiência de vida, traz-nos inevitavelmente destas coisas: aprendermos a fazer uma selecção entre quem conhecemos ou vamos conhecendo e dar a importância que consideramos devida para que nos conheçam. Será demasiada racionalidade ou injustiça? É pelo menos isso que resta e também aprendemos à custa das desilusões com as pessoas erradas que foram cruzando a nossa vida!

Esse pragmatismo tornou-me pelo menos mais verdadeiro e oferece-me segurança, além de que uma maior lucidez das situações me proporciona uma tranquilidade de espirito que nunca tinha vivido. Se no entanto fraquejar... enfim! Há sempre o gato Alex disponível para me ouvir e ajudar a desculpar-me quando me apetece «falar para os meus botões»...

E, inevitavelmente, uma música com o poema certo para falar por nós.
Como este; Jorge Palma, claro!



Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar


Obrigadinho, ó pá! «A Gente Vai Continuar»!

quinta-feira, maio 03, 2007

Quando a democracia perde definitivamente a credibilidade...

Decorrem actualmente, em Portugal e no Mundo, vários actos eleitorais. Perspectivam-se outros, nomeadamente em Lisboa. Onde e como todos se cruzam? Se calhar no facto de aquele que deveria ser o mais perfeito dos regimes políticos, a Democracia, tender a vulgarizar-se em fait divers, banalizando-se como um qualquer reality show televisivo em versão mais ou menos (re)criativa. No qual o público - os eleitores - vão eliminando os concorrentes - os candidatos - até que reste o menos mau ou eventualmente aquele que melhor soube «jogar», encantando as audiências com a sua postura e com promessas de entretenimento futuro...

A queda do último portão de Bastilha!

Ontem foi noite do grande debate televisivo em França. Desde De Gaulle que a França vive órfã de uma figura política de relevo e marcante para a sua história recente, inclusive a Europeia. É verdade de teve François Mitterrand, tem Jacques Chirac, titubeantes, ambíguos e cataventos, infelizmente também um corsário demagogo chamado Le Pen, e talvez só Pompidou ou Giscard d'Estaing se tenham aproximado em atitude e acção da figura do general que conduziu a França na clandestinidade à libertação nazi e depois seria chamado a refazer uma França mais moderna, actuante, cultural e economicamente importante no contexto europeu.

A França parece no entanto padecer do eterno receio de ressuscitar um Pétain (pelas características da então constituição francesa, a figura cimeira da presidência e da chefia do governo durante o governo fantoche instalado pelos nazis), ainda e sempre mantém-se na sombra fantasma do eixo franco-alemão e permanece em rivalidade eterna com o protagonismo da velha Albion. O que não deixa de tornar inevitável olhar Sarcozy e encará-lo, pelos gestos e atitude, como uma aproximada versão brioche de Blair, enquanto que nas políticas e ideologias mais lembra o pensamento de ferro da dama Thatcher.

Em alternativa, os franceses têm os olhos maternos, protectores mas determinados da rival Ségolène, auto imposta pelas sondagens e sapo mal engolido pelo aparelho socialista que se obrigou a aceitá-la. Linda, glamourosa e com um olhar fascinante, Royal impôs-se numa sociedade que, tendo marcado a evolução cultural europeia dos últimos séculos, que deu a República, a Comuna, a Declaração dos Direitos Humanos, a escrita, a poesia e a pintura mais marcantes, que ainda hoje estabelece as novas tendências da moda, que impôs o biquíni e o topless, parece desconfiada em aceitar ser governada por uma mulher.

A mesma França que canonizou Joana D'Arc, que estabeleceu Marianne com o seu gorro frígio como símbolo da República e adoptou muitos outros símbolos femininos, e que apenas contrapõe o combativo galo para não se desvirilizar demasiado, mesmo esse reduzido a fins desportivos ou militares.

Curioso verificar que, entre a grossa fatia dos seus apoiantes estão declaradamente os homens dos 35 aos 50 anos, mais experientes no reconhecimento e na apreciação de uma mulher madura, determinada e lutadora, que nem por isso abdica da graça, do toque feminino e sedutor, ou até que, sem pruridos e realçando o papel de mulher/mãe, tem sabido inteligentemente fazer disso uma arma de combate político. Notável! Fascinante!

Igualmente curioso e até risível, entre os seus maiores detractores, estão maioritariamente as mulheres, incapazes de lidar com as capacidades, protagonismo, admiração e demonstrações de vitalidade de Ségolène, ex-ministra e ainda deputada. Talvez não venha a tornar-se na primeira mulher a alcançar a Presidência Francesa. Provavelmente, as suas políticas económicas até são demasiado irrealistas para se imporem nos tempos actuais da república tricolor, mesmo tratando-se do país que tanto preza o lado social e protector do estado. Ou, pelo contrário e até por isso, se calhar, dada a proximidade nas sondagens e à garra ontem demonstrada, Ségolène consiga surpreender a França mesmo em cima da hora. De forma imprevisível. Surpreendente e com o glamour sedutor e convicto que só as mulheres parecem possuir quando desejam conquistar!

Ai... Timor!

Promete (esperemos que não) mais actos de sangrenta violência ou pelo menos não oferece garantias de paz futura, até pelas características do Povo e do território, as eleições para a Presidência em Timor.
Em que interessa a Portugal? Nada, rigorosamente nada.
Não acredito, aliás, que Portugal possa alguma vez vir a beneficiar do que tem investido em Timor. Nem do esforço, principalmente o dos professores e das ONGs.
De uma vez por todas, deixemos de apontar deveres ou responsabilidades, seja pelo acto colonizador, seja pela atabalhoada e irresponsável fuga a que se convencionou chamar descolonização.
«Laços históricos» entre Povos? Ideias românticas construídas sobre um «passado comum»? Se para a maioria do cidadão português e muito particularmente para as novas gerações isso nada representa, quem é que pode esperar que em Timor seja diferente? Apenas porque meia dúzia de pessoas, de ambos os lados ainda o afirma? E, desses, quantos não o fazem simplesmente pelo politicamente correcto ou para simplesmente justificarem proventos próprios?
Timor ou qualquer outro território ex-Ultramarino! Para esses povos, e falo do povo mesmo, o carenciado, o desalojado, o desempregado, o pobre, Portugal não representa mais do que uma oportunidade de emprego e melhoria de vida. Quanto muito, se para tal for útil falar na «língua comum»… Pois porque não?
Menos pruridos têm quem detém o poder; Portugal concorre de igual com todos as outras potências (ou até em inferioridade dada a estúpida tendência de não nos impormos com receio de melindrar o «povo-irmão»…) ao petróleo angolano ou ao timorense e só quem não percebe a realidade moçambicana pode deixar de achar natural que este País privilegie a Commonwealth aos Palop.
«Regressando» a Timor: poderia ser piada final a notícia da intenção de Xanana Gusmão vir a candidatar-se a primeiro-ministro, ao seu eleito para a liderança do Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), partido que logicamente concorrerá às próximas eleições.
Podia ser. Não fosse lembrar-me de um certo Presidente, de um certo País que, ainda antes de deixar de o ser patrocinou a criação de um partido… que o esperava quando terminasse o mandato. Esse partido era o Partido Renovador Democrático, PRD. Esse homem era (é) Ramalho Eanes.
E não é que as coisas absurdas eles até aprendem depressa!

quarta-feira, maio 02, 2007

Beleza suspensa!

Eles (ou elas...) andam ai!


Ai Portugal, Portugal...


Que esta não se torne a imagem de marca de um País...

Idoso, conformado, imóvel, difuso e de costas voltadas.

Porque é tão fácil gostar de ouvir Jorge Palma!...

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Jorge Palma, in Voo Nocturno
(para quem gosta recomendo uma visita aqui)

quinta-feira, abril 26, 2007

Fiz hoje de manhã pela primeira vez o novo túnel rodoviário do Marquês. Não sei se por haver menos trânsito devido aos feriados, mas, de facto, estava mais fluído e foi mais rápido chegar à rotunda. Engraçada a quantidade de repórteres de rádio e TV nas saídas; acontece de facto pouca coisa de importante neste país!
De qualquer modo, a saída para a rotunda do Marquês pareceu-me um tanto ou quanto apertada e propensa a acidentes. Pode no entanto ter sido apenas uma primeira impressão...



26 de Abril assinala uma efeméride infeliz e feia na História Mundial e particularmente na de Espanha.
Se, como mais abaixo escrevi, a História alguma coisa ensinasse, outras «Guernicas» não teriam existido desde aí, fosse nos balcãs ou no Médio Oriente.
Não sei se o mais triste é presenciar alguns idiotas preocupados em branquear um bombardeamento cobarde a civis como se ele nunca tivesse existido, se aperceber-me de que tantos outros estão mais interessados em discutir quanto valerá o quadro de Picasso que mais contribuiu para que Guernica não se diluísse discretamente na história do século XX.
Há «dores» que simplesmente não têm preço...

quarta-feira, abril 25, 2007

Tá cara a revolução, pá!



Cavaco Silva, que no ano passado já tinha sido o primeiro presidente, sem cravo vermelho na lapela, a discursar na AR durante as comemorações do 25 de Abril, foi desta vez ainda mais longe ao fazer um dos mais interessantes e pragmáticos discursos a que a praxe obriga nesta data.
Ao lembrar que para os jovens o 25A pouco ou nada diz e mesmo para os que são um pouco mais velhos o assunto não merece a importância que outros lhe querem dar, Cavaco mais não fez do que constatar o que realmente se passa hoje em Portugal.
Aliás, pelo preço a que os cravos estavam este ano, começo mesmo a desconfiar que a intenção de oferecer as flores vermelhas no Largo do Carmo em 74, foi apenas uma jogada antecipada de marketing das floristas!...
Felizmente, há cada vez mais gente, gente jovem, bonita e empreendedora que vive descomplexada e descomprometida com o passado, e neste passado incluo sobretudo a forma derrotista de pensar e agir tão portuguesmente vivida pela «velha guarda».
É tempo de enterrar o fado da saudade e do miserabilismo; de uma vez por todas, em vez do remoer imóvel em torno do que deixámos de fazer, fizemos de mal ou os «outros» não deixaram que fizéssemos, chegou a altura de seguir em frente e, adaptando a frase de J. Kennedy, equacionar o que pode e deve ser feito de bom e de útil, para o bem e para a riqueza individual.
Certamente que se assim fosse, o resultado seria o progresso do colectivo. O contrário é daqui a outros 20, 25 ou 30 anos, os poucos que ainda se lembrarem de continuar a comemorar a data, fazerem-no com uma mais económica papoila silvestre ao peito, já que a inflação e o baixo nível de vida deixou de lhes permitir a compra do cravo!
Assim como assim, creio que, nessa altura, caso ainda se considere feriado, a maioria só se chateará mesmo, caso o dia 25 calhe a um sábado ou a um domingo!
Há coisas que nunca mudarão…




*


Tinha prometido a alguém que me é muito especial, escrever algumas palavras em memória ao meu pai que teria feito anos este mês.
Pese embora o risco de com isso se duvidar de que eu também tivesse mãe, foram os recentes acontecimentos políticos nacionais que mais me trouxeram à memória uma frase que dele ouvia quando pretendia encerrar uma das nossas discussões politico-ideológicas ou com que gostava de rematar a leitura do jornal: «A política é uma coisa muito suja, meu filho!».
À distância do tempo, com a calma e a compreensão com que a idade inevitavelmente nos brinda, descubro surpreendido que nunca percebi ao certo qual era o seu quadrante político. Penso mesmo que ele não era de «quadrantes», antes o homem racional mais preocupado com os afectos que eu alguma vez conheci, mas que, infelizmente já tarde de mais, consegui entender.
A frase, que oscilava entre a de cima e a «A Política é a coisa mais porca da Terra…» é pois uma das coisas que dele guardo e, ironia das ironias, que mais vezes me tem vindo à mente nos últimos dias.
Amo-te Pai e perdoa-me por não ter tido a inteligência de já não poder ir a tempo de to dizer, olhos nos olhos como gostavas de falar…




*


«Só sei que nada sei». Quem disse isto? Sócrates pois claro! Qual? O «nosso» PM! Quando? A propósito das certidões de habilitações da Independente, das fichas na AR, sobre a isenção de propinas que ele diz ter recibos que comprovam o pagamento, etc, etc…
A menos que… a menos que Sócrates não seja só um! Hã, mas isso explicaria tanta coisa!... Sobretudo a quem, como eu, quase crê na patologia da bipolarização do PM. Sim, porque só por bipolaridade ou pura e rematada hipocrisia é que se defende e se pretende cativar o eleitorado feminino com afirmações sobre a lei da paridade ou do aborto serem a favor da mulher! A ser assim, talvez fosse interessante saber então, porque raio este é, entre os governos mais recentes, aquele em que menos mulheres fazem parte… Será porque no PS não há mulheres com «estatura» (não é piada a Maria de Belém, juro...) para tal? Mas… não há membros do governo «independentes»? Então porque carga de água é que o sr. Sócrates considera que não há mulheres com capacidades para o desempenho de tais missões?
Hum?... Em que é que ficamos? Há paridade ou não?
E depois… Educação e Cultura? Não podia ser mais discreto? Já agora… E se Administração Interna fosse a «lida» da casa, o Costa ia para Ministro de quê?
Exercício 1 da Demagogia.




*


Demagogia, infelizmente, não é mal que ataca apenas o PS. Marques Mendes foi desastroso antes da entrevista do PM, após a entrevista e, se calhar, até durante a entrevista!
Por momentos temi que também estivesse imbuído no espírito das revelações bombásticas como as conferências de imprensa da Universidade Independente…
De resto MM é um daqueles típicos casos que concorre e chega mesmo a confundir-se com a sua própria caricatura. Corre até mesmo risco desta conseguir ser tão ou mais credível, e ele, Mendes, torna-se a caricatura de Pentes do «Contra Informação», tal a concorrência nos disparates.
Ponha-se o «Ganda Nóia» na S. Caetano à Lapa e poucos darão pela diferença… e daí, talvez até reparem… mas para melhor!
Exercício 2 da Demagogia.




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Demagogia passou também a ser a palavra de ordem no PP… e de PP, mas a isso acho que já todos nos habituámos. Para mim, o ponto alto nada teve a ver com as eleições directas. Mais ou menos pela mesma altura em que se votava, a Antena 1 transmitia uma entrevista gravada a Portas, conduzida por Flor Pedroso. A terminar deixou ao convidado a escolha da música e a justificação para tal.
Só que, «Ave Maria» de Ennio Morricone soou mais a toque de finados do PP (partido) do que ao cunho de «Missão» que PP (o dito cujo) quis dar ao seu regresso.
Bolas! Quanto mais entrevistas oiço de Helena Sacadura Cabral mais me interrogo como é possível ele ser filho de sua mãe!
Exercício 3 da Demagogia. O triunfo.. ou um réquiem?




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Ou não!...
Há, claro, o Bloco de Esquerda!
Só o exercício da demagogia explica o «peso» que adquiriu nas últimas eleições. Atenção, no entanto… há «pesos» que também acabam por ajudar a afundar mais rápido quando o ambiente se começa a tornar… mais pantanoso! Ou movediço...




*




Hesitei mas não resisti, nesta onda de demagogia, a comentar a comicidade perigosa que trouxe aos noticiários a auto proclamada extrema-direita nacional, ou como raio eles pretendem ser tratados.
O perigo que as demagogias populistas acarretam deve ser encarado a sério. Durante anos pensei que o conhecimento da História ajudaria a evitar que se cometessem erros futuros; a própria História encarrega-se de me mostrar o quanto estou errado ao pensar assim. Isso e também o ir vendo a quantidade de palhaços de suástica tatuada que por ai vão pulando de galho em galho…
Mas não só. Irrita-me também o crescente «encolher-de-ombros» nacional perante um cartaz pespegado em pleno centro de Lisboa — justiça seja feita à reacção, com ou sem fins publicitários não importa, dos «Gatos…» — e a aparente sensação de esperada impunidade com que alguns falhos de inteligência dessa área, violavam a lei e a constituição.
Justiça seja feita à acção das autoridades de investigação policial, mas irrita-me profundamente a passividade da maioria dos cidadãos.


É SEMPRE CURIOSO VERIFICAR QUE OS QUE MAIS RECLAMAM E GRITAM PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO QUE A DEMOCRACIA LHES PROPORCIONA, SÃO GERALMENTE QUEM MAIS DESEJA E DEFENDE IDEOLOGIAS QUE RESTRINGEM ESSAS MESMAS LIBERDADES, EM REGIMES AUTORITÁRIOS, POLICIAIS E CASTRADORES DE IDEIAS E PENSAMENTOS OPOSTOS.

terça-feira, abril 10, 2007

A morte é importante por ela ser per se incurável. Quanto aos sustos, medos, percalços, desilusões, tombos, depressões, acidentes ou obstáculos são, para uns, antecipações da inevitabilidade do fim, para outros, simples ou complicadas horas extraordinárias a que o acto de viver nos obriga, com que a vida nos desafia.

domingo, abril 08, 2007

É muita coisa para um título só!



Adoro o mês de Abril; não sei bem porquê, para mim o ano começa só em Abril! Se é pelo sol, pelos dias maiores, pela chegada da Primavera, pela abundância de flores, porque as árvores despidas se começam a cobrir de folhagem…
Não! Porque Abril é um mês que me traz boas e gratas lembranças. Porque foi quase sempre em Abril, ou por causa deste mês, que se cumpriram etapas preciosas e importantes na minha vida. Mais Sol sim, mas sol em toda a plenitude da palavra… Adoro o cheiro de Abril, das plantas que se abrem em pólen, da terra umas vezes húmida outras se abrindo em carreiros que se escapam em rios, do barulho da água, do som dos pássaros e do primeiro voo inocente e de aprendizagem de muitos deles.







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Durante uma semana não cumpri o meu exorcismo da escrita neste espaço da net. Como prometido voltei e mudei. Decidi organizar-me e organizar o que me sai da mente. Decidi mudar. Poder mudar e fazê-lo em consciência é o maior acto de prova de vida e de inteligência que podemos ter. Perante os outros, mas e sobretudo, perante nós mesmos. Assim, este será o meu espaço de psicanálise, de catarse, de partilha; na continuidade do anterior, tentarei ser mais conciso. Ainda que este não seja um exemplo.

O meu alter-ego Tomás (lol, é giro dizer isto!) tem o seu espaço: www.tomaswolf.blogspot.com; fala por si.





Quem me conhece melhor sabe que a minha vida gira muito em torno dos automóveis. Não de uma forma fanática, obsessiva, dependente. Gosto… e pronto! E tenho, pelo menos por enquanto, a sorte de poder ensaiar muito do que de novo vai sendo lançado em Portugal. Dou conta disso no www.cockpitnanet.blogspot.com





Tudo isto é muito do que sou. Quanto a muito do que ainda falta, ainda ando à procura…








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E no entanto, esta semana que agora passou, teve muito para contar. O pessoal andou distraído com a Páscoa, com o feriado, com a perspectiva de mini férias… mas o que aconteceu pode vir a revelar-se decisivo nos próximos tempos.
Sim, refiro-me ao caso da licenciatura de Sócrates! Num País de doutores e engenheiros, sinceramente, não me parece importante que Sócrates o seja ou deixe de o ser; no entanto a forma como obteve o título já pode revelar-se bem mais importante.
Se o Primeiro-ministro foi de algum modo cúmplice na atribuição do diploma, se participou nalgum acto menos legal, então temos razões mais do que suficientes para que se ponha em causa a sua credibilidade política e pessoal.
À mulher de César não basta parecê-lo; terá que o ser e, caso se confirme alguma irregularidade, Cavaco vai consumir muita aspirina…
Sócrates tem deixado o tempo passar na expectativa que as ondas de choque atenuem. No entanto cada vez mais se avolumam os factos estranhos e ninguém é inocente o suficiente para deixar de acreditar que as informações têm partido de dentro da própria Universidade Independente, eventualmente como forma de pressão sobre qualquer atitude que o governo possa tomar quanto ao futuro dos seus (ex) responsáveis, já a Instituição parece definitivamente condenada!
O que torna tudo ainda mais delicado. E já não basta ser como Tomé: o que se tem visto, dá para crer em muita coisa pouco ou nada abonatória!






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O pior é que abrindo uma crise no governo, o País mergulhará inevitavelmente numa crise com proporções difíceis de imaginar! Escasseiam as alternativas, ou melhor, as que há ou as que se mostram, não são de molde a deixar ninguém tranquilo.
Sobretudo a quem tem gerido a figura de Sócrates. O seu ar arrogante e convicto certamente que se esborratará quando lhe arrefecerem as costas.
Quem economicamente manda neste País, melhor dizendo, quem realmente manda, sabe que Sócrates é a melhor figura de momento para servir os intentos. E Cavaco também o sabe; não há nada melhor do que ter um bem intencionado papalvo que acredita ser o salvador da Pátria, para dar a cara e tomar medidas impopulares que faltou coragem para levar avante em devido tempo.
E tudo isto acontece num dos mais desgastados momentos da governação de Sócrates; só se vislumbra uma alternativa. Sócrates ter uma explicação convincente e simultaneamente fazer uma mini remodelação governamental, afastando os ministros menos populares e que mais tiros no pé têm dado! Da Saúde à Economia, da Educação ao Ambiente, muito pouco tem corrido bem. Intocável é a pasta das Finanças, pelo menos para já. Aliás, o Primeiro-Ministro pouco mais têm onde se apoiar…
Ou isso, ou o facto de Portugal estar a poucos meses de assumir a Presidência das Comunidades salvará Sócrates. E também não me parece que Cavaco esteja com vontade de desencantar uma Pintassilgo (que poderia até ser uma figura do PS já que o partido detem maioria na AR...) para levar Portugal até ao fim da legislatura ou eventualmente novas eleições depois dos compromissos europeus.
Ai Portugal, Portugal…






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Reflexão final sobre o tema: Ninguém é imprescindível. Ninguém o é, para ninguém. E mal dos que se julgam detentores da sabedoria, da certeza ou da verdade e por tal ambicionam ser superiores, se tornam arrogantes e chegam a aspirar ao endeusamento.
Porque, quanto mais alto o pedestal, maior a queda. E mais aparatosa! Principalmente quando, ao longo do caminho, se deixaram muitos «telhados de vidro» …






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Mas a semana colocou também mais uma vez em questão as claques de futebol.
Já não há pachorra para aquele género de atitudes e, se ao assunto me refiro, é pela sua gravidade.
E não, não por causa de muitos meninos, meninas e outros seres imberbes de cérebro, estupidificados e estupidificantes, embriagados e drogados, verdadeiras bestas quadradas que por lá andam! É por causa de certos dirigentes desportivos, não menos bestas, que as olham como seus «exércitos» particulares! E os exemplos de que isso acontece não faltam!
No meio de uma quantidade infinita de asneiras que fui lendo e ouvindo, com uma coisa tenho que concordar. O fim das claques não resolve o problema, bem pelo contrário; para a polícia é bem mais fácil controlar grupos organizados, do que focos menores, independentes e distribuídos sabe-se lá por onde!
Doloroso é saber que, ao olhar para aqueles desacatos todos, para os controlar, é dinheiro dos nossos impostos que se gasta! Já não basta aos clubes serem das empresas mais devedores e que mais se furtam nas suas obrigações fiscais, por causa delas é também onde se gasta parte do orçamento da Administração Interna!
Será que o futuro passa por colocar jaulas electrificadas em determinadas zonas dos estádios?






*






Portugal parece ter passado adormecido ao lado de uma das maiores ameaças de crise internacional vividas desde o início do ano. Provavelmente iremos senti-la na pele quando na próxima ou na semana seguinte subirem os combustíveis.
O facto de o Irão ter aprisionado tropas inglesas teve que ser gerido com as mais delicadas pinças, evitando não apenas um alastramento da crise, não desejado nem pela Europa e muito menos pelos ingleses, naquela zona do globo.
O melhor que se pode agora fazer, para bem sobretudo dos que ainda estão no Iraque, é proteger os libertados e evitar que falem demais. Se as tropas inglesas estavam realmente dentro de águas iranianas, a provocação ou desatenção poderia ter-lhes saído cara.
Logo numa altura em que a Inglaterra já anunciou a saída das suas tropas do Iraque.
Se não estava como declara, é da mais profunda ingenuidade e incompetência que se tenha deixado aprisionar daquela forma. Face aos dias que se vivem, andar sem escolta e permitir que se tenham deixado aprisionar, revela ou estupidez, ou falta de preparação, ou incompetência…
Qualquer delas não abona nada a favor dos ingleses. O Irão, esse, saiu a ganhar em tudo isto. A seu tempo verão porquê. O principal é que se protejam os que voltaram, felizmente sãos e salvos.
Houve diplomacia, muita e boa diplomacia em todo este processo. E a diplomacia também se faz com gestos de guerra.





*





A cara do Bush diz tudo:


o menino foi apanhado a fazer besteira e vai levar um puxão de orelhas...



E por falar em diplomacia, quase passou despercebida a visita de Nancy Pelosi a Portugal. Nancy, que tem o mesmo nome da ex-primeira dama Nancy Reagan, é presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, democrata e a primeira mulher a assumir aquele cargo e, neste momento, a terceira figura de estado dos EUA. Regressava de uma visita ao Médio Oriente, onde tentou fazer aquilo que Bush e os republicamos se mostram profundamente incapazes, principalmente porque isso iria de encontro aos interesses dos poderosos lóbis de armamento: fazer diplomacia.
Na mais que provável hipótese dos democratas regressarem à Casa Branca (podendo até dar-se o caso de o fazerem com a ex-primeira dama Clinton), Hillary, Nancy foi abrir caminho para a pacificação da região.
Quem olhou com atenção para a forma como geriu a saída do encontro com Jaime Gama, o presidente da Assembleia da República que a convidou a passar por Portugal, só pode tirar-lhe o chapéu. A mulher é uma diplomata! Ela sabe estar e deixar estar que a rodeia, sem em algum momento deixar de evidenciar quem realmente é a dona da batuta!
O mundo é cada vez mais feminino e cada vez mais lhes cabe a gestão das crises. No fundo, sem querer parecer machista, diria que lhes está nos genes; tal como Hillary também o demonstrou, crescem a aprender a disfarçar a merda que certos homens se empenham em fazer. Porque, no fundo, há muitas formas de cada um levar a água ao seu moinho!



*



Agora de âmbito mais pessoal...


Irrita-me que às vezes o que eu penso faça mais sentido na mente do que quando passo ao papel. Significará nessas alturas que mais uma vez estive a delirar?



*



Ou então penso mais rápido do que consigo concretizar-me em palavras. E aí perco-me!
O que não é novidade, pois geralmente perco-me sempre algures; num local, em palavras, em pensamentos, nas acções, nas paixões ou nos amores…
Sabe bem nessas alturas voltar aos rituais e ditos sânscritos: «Ontem é apenas um sonho, amanhã apenas uma visão, mas um hoje bem vivido, faz de cada ontem um sonho de felicidade e de cada amanhã uma visão de esperança».
Também há quem prefira Paulo Coelho!
Lol




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É impressionante o que aqui se aprende a propósito de «lol»
http://pt.wikipedia.org/wiki/LOL
É assim! Viver para aprender...
Hoohohohoho (façam o favor de ir lá ver o que significa…)


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Confesso que uma das minhas predilecções é fazer trocadilhos com palavras — um verdadeiro passatempo que me diverte.
Por exemplo, uma destas noites, eram quatro da manhã quando me ocorreu que a palavra «INSÓNIA», uma das maleitas de que por vezes padeço, quando decomposta numa perspectiva anglo-saxónica, faz todo o sentido!
Realmente, pelas Sónias que conheço, é difícil ter vontade de adormecer dentro delas…


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Passado o inevitável disparate inerente à condição de ser homem, não queria hoje acabar sem deixar aqui o meu testemunho a uma das pessoas mais importantes e especiais da minha vida.
Sexta-feira, passei a parte mais grata do dia, na companhia da menina cada vez mais mulher, cada vez mais interessante...
Guardei para mim, desse dia, o quanto me custou saber que não era eu que estaria ao seu lado quando apagasse as velas.
Mas faço questão que ela saiba que estarei nesse lugar, sempre ao seu lado, o resto dos dias, a vida inteira.
E faço questão que ela saiba que, mais do que um Pai, quero e lutarei por ser o amigo e o homem que melhor a percebe, que a entende sem necessidade de palavras e que procura antecipar com verdade e clareza as respostas às suas dúvidas!
Quanto à simplicidade… bem… lá terei que ouvir volta e meia «desenvolve, Pai, desenvolve…»
Procurarei estar ao seu lado e, mais do que isso, do seu lado, em todos os tropeções porque precisará de passar para aprender a voar sozinha; também para tentar ensinar-lhe a entender as responsabilidades de cada um dos seus actos!
Ela e a sua irmã são o meu «sentido da vida», porque sem elas não há vida e sem elas as coisas deixam de fazer sentido. Tal como a idade e a consciência do finito, os filhos dão-nos irremediavelmente uma nova perspectiva. Mas não será por isso que um dia me ouvirão dizer, como o fez Jorge Luís Borges, «No passado cometi o maior pecado que um homem pode cometer: não fui feliz».

terça-feira, março 27, 2007

segunda-feira, março 26, 2007

Birra de Comadres!

A coisa tem o seu quê de caricato e, ou se trata de uma birra completamente infantil, ou Cavaco começa já a não ter pudor em mostrar que padece de tiques de ressabiado, não se percebe muito bem porquê!
Não tem nada de autoritarismo, apenas de perfeita estupidez e imbecilidade, ainda por cima mal e porcamente justificada.
Não convidar Mário Soares para a reunião que comemora a assinatura do tratado de adesão de Portugal à União Europeia, não é gaffe, é pura e rematada idiotice, é má educação, é dar a Soares um protagonismo que ele certamente agradece!
Mário Soares foi, não apenas o Ministro dos Negócios Estrangeiros que restabeleceu, após o 25 de Abril, a diplomacia com a CEE, como um dos principais intervenientes em todo o processo de integração, também enquanto 1.º Ministro.
E, se mais não fosse, é a sua assinatura, juntamente com a de Rui Machete (à altura vice-primeiro Ministro do Bloco Central PS/PSD) que está no documento assinado, em 1985, nos Jerónimos!
Mais um a precisar de psicanálise!