O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

quinta-feira, julho 20, 2006

Que Sera Sera... (*)

Enigmático este homem! De uma energia inesgotável. Inteligente. Ou maquiavélico como alguns acusam. De todo o modo, não se pode culpá-lo da falta de exibição de medidas, mesmo se algumas ainda não passam de intenções…
No que até agora o governo se tem mostrado mais eficaz é na apresentação de alterações que vão contra os «poderes e regalias estabelecidos» e que colocam em polvorosa os mais diversos sectores. Em catadupa. Uma medida a seguir à outra, mal deixando respirar os respectivos sindicatos ou associações. Quando protestam, quando saem à rua, o mais natural é o governo já ter anunciado qualquer outra iniciativa «contra» uma classe profissional diferente… o que faz passar despercebido, esbate e quase esgota o protesto.
Se o País e os portugueses estão melhores é discutível. Se poderia estar pior… bem, aí é ainda mais discutível, pois uma das coisas que este governo sabe fazer melhor é publicidade e… lá está, nos dias que correm vai valendo mais parecer do que ser!
Se há menos desemprego… se a economia está melhor… se Portugal avança… se vamos viver melhor daqui para a frente… quem sabe? Por enquanto temos o futebol, as férias à porta, quando «a coisa aperta» lá vem uma medida de agrado…
Para já a maioria dos portugueses dá-lhe o benefício da dúvida. Até porque, olhando para as alternativas, a dita oposição, não há muitas dúvidas quanto ao benefício…


(*) ...what ever will be, will be
The future`s not ours to see.
Que Sera Sera
What will be, will be

quarta-feira, julho 19, 2006

«É P’ró Menino e P’rá Menina!»

Hoje em dia já nada se vende por si só! Vamos ao banco e tentam impingir-nos com um serviço de jantar em fina porcelana ou uma colecção de copos em cristal com a oferta de talheres em prata, vamos aos correios e, enquanto esperamos, sempre podemos ir folheando um dos livros à venda, até sermos atendidos e nos tentarem convencer das virtudes de um jogo infantil, passamos por um quiosque de jornais e o espaço mais parece uma barraca de praia com toalhas, sacolas, chinelos e raquetes…
Claro que os bancos o que nos querem «vender» é o crédito. Que diversificando de tal modo a sua oferta, que não andará longe o dia em que os correios se pareçam com as lojas dos chinocas. E que os jornais e revistas, o que querem, é convencer e fidelizar compradores
(não leitores…)
durante uns tempos, enquanto decorre a promoção do jogo, da colecção de carrinhos e até, lá está… do conjunto de talheres em prata fina.
(Às vezes até dou por mim a pensar no trabalho que têm os senhores e senhoras dos quiosques — talvez por isso estejam sempre de mau humor, desconfiados de que levamos mais alguma coisa sem pagar... —, na labuta que deve ser contabilizar uma panóplia tão grande de produtos… Contabilizar sobretudo as perdas, já imaginaram como naquela maralha de coisas expostas e dispersas pelos passeios é fácil alguém passar e levar sem pagar?)
Que três pacotes de manteiga tragam como oferta uma linda manteigueira em plástico inquebrável… ainda vá. Que os iogurtes ofereçam uma bolsa térmica… é compreensível. Afinal, não é novidade os cereais, farinhas, cacau em pó ou sabão para a máquina, volta não volta, oferecerem-nos brinquedos, cromos

(a propósito: presumo que por causa de uma personagem dos «Morangos com Açúcar», ouvi recentemente duas adolescentes discutirem o estado da sua colecção de «crómios» e creio que não se referissem a namorados…),
molas para a roupa e sei lá que mais brindes no seu interior!
Mas porra! Somos um povo culto e avançado! Agora os iogurtes oferecem livros! É de saudar uma campanha destas, com os índices de leitura que temos e metade da população a desculpar-se com o preço dos mesmos.
Porque, como não lemos, os jornais oferecem DVD’s, que sempre é mais fácil ver
(se não tiver legendas, claro…),
do que ler. Oferecer é como quem diz… É mais um negócio paralelo. As editoras já não enchem armazéns com sobras, mas com as promoções que restaram. Podem servir para uma nova campanha daqui a um ano ou dois que já ninguém se lembra.
Mas voltemos aos quiosques. Antigamente tínhamos as publicações, obviamente, o tabaco, as pastilhas e outras guloseimas. Agora, até conseguirmos «sacar» aquela revista que pretendemos — geralmente enfiada num saco ou presa a uma imensa cartolina onde se «cola» uma qualquer «oferta» que só custa mais «meia-dúzia» de euros —, temos que «navegar» entre um mar de toalhas e sacolas de praia, volumosos cartões que anunciam os «clássicos de autores portugueses», kits de aviões ou de barcos, colecções de casinhas de bonecas, partes do corpo humano e sei lá que mais! Quando um gesto menos cuidado da nossa parte não faz desmoronar a pilha de DVD’s…
Por isso, até há publicações que esgotam… Porque há mais público leitor? Não… porque aquela saída de praia é fashion… até traz a assinatura de um estilista famoso!