O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Temos Rei!

Em entrevista à Visão, D. Duarte oferece uma das visões mais lúcidas e inteligentes que já li. Em resposta à pergunta:

«Se, como rei, tivesse poderes similares aos do Presidente da República, convocaria o referendo do aborto?»

respondeu:

«Convocaria, se constitucionalmente obrigado. Mas talvez fizesse como o monarca da Bélgica, que abdicou por um dia, deixando o Parlamento resolver as coisas. Não concordo com um referendo sobre o aborto, como não concordaria com um referendo sobre a pena de morte. O que me preocupa mais, neste referendo, é que se trata, não de DESPENALIZAR, mas de LEGALIZAR, tendo como única base a vontade da mãe, sem que se tenha de invocar motivos de saúde ou outros, de força maior. É uma iniciativa de puros contornos ideológicos»

Parabéns! Nestas alturas até me apetece gritar: «Viva o Rei»...

sábado, novembro 18, 2006

Confirma-se...

... o primeiro casamento homossexual em Portugal entre Belém e S. Bento. A relação, essa, tem tudo para durar: confiança, muito diálogo, consultas permanentes e a firme intenção de que se mantenha estável e, se possível, discreta.
Os frutos dessa relação espera-se que sejam mais recomendáveis do que parecem prometer; sabe-se, contudo, que ambos têm como principal objectivo abortar o défice que teima em vingar tal erva daninha...
As únicas dúvidas que parecem existir, prendem-se, afinal, com quem assumirá a figura de «cabeça de casal»...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Exemplos da evolução da sociedade:

— Muitos países equacionam o regresso da pena de morte
— Na Holanda foi criado o primeiro partido declaradamente pedófilo que defende não apenas a pornografia infantil como as relações sexuais entre adultos e crianças
— O consumo de droga aumenta na Europa e aumentam os defensores da descriminalização do seu consumo; em contrapartida, contra os fumadores tradicionais cresce a perseguição...
— Pretende-se defender a liberdade de escolha e de actuação descriminalizando não apenas o uso de drogas, a prática do aborto, a redução do limite de idade para ser julgado um acto de pedofilia, etc, etc, etc, mas cada vez somos mais vigiados nas práticas, o que dizemos e escrevemos, nesta verdadeira paranóia anti-terrorista, com câmaras por todo o lado, restrições à circulação e ao transporte de objectos pessoais, etc, etc, etc...
Caramba! Vou emigrar para Marte!

Confesso: não entendo!

Se o motivo porque o PS e os defensores do sim ao referendo é uma questão, sei lá, de «saúde pública», de «consciência» (esta é boa!), «porque-toda-a-gente-sabe-que-há-e-não-adianta-esconder», de «injustiça», de «descriminação», de «injustiça social» e uma série de outros argumentos que já ouvi e li, porque raio também não se descriminaliza e se regula a actividade da prostituição?
Afinal, todos os mesmos «argumentos» servem...
E, caramba, se isso acontecer, também vai ser necessário um referendo?

Nota de Rodapé...

É engraçado... mas não tem graça nenhuma.
Anda por aí uma campanha «Eu vou ser o último (médico, arquitecto, oceanógrafo, etc...) Português»...
Não tem nada a ver, pois não?
Bem me parecia...

A propósito...

... do lançamento do seu livro, Santana Lopes referia (e bem o que é para admirar!...), a estranheza das razões porque o navio do aborto não tinha voltado a Portugal no governo do sr. Sócrates.
Na altura o caso provocou um autêntico «sururu» e quase gerou uma crise institucional.
Em contrapartida, junto à fronteira, já se devem aprestar alguns camiões com material para as clínicas espanholas começarem a funcionar mal o possam. É que é preferível trazer de lá o material; afinal o IVA sempre é mais baixo!

A grande dúvida!

Se o não ao referendo for maioritário e vinculativo a dúvida é saber quanto tempo demorarão os senhores políticos a voltar à carga e pretenderem mudar a lei.
Pelo contrário, se vencer o sim, mesmo que não vinculativo, já se percebeu que arranjarão maneira de o fazer.
Enfim... negócios, são negócios não é?

Só se...

A verdade é que o sr. Sócrates —é engraçada a ironia; mas a mãe de Sócrates, o filósofo grego era parteira... — e o seu governo sabem fazer contas.
É muito simples: ao querer tanto facilitar o aborto aos mais pobres — aqueles que não têm dinheiro para ir a Espanha, como se diz — mata dois coelhos (e nunca a expressão soou tão mal...) de uma cajadada. É que sabendo que pobre contribui pouco e gasta muito ao Estado, diminui as despesas; por outro lado ajuda a diminuir os índices de pobreza!
Ao permitir a abertura de clínicas especializadas em Portugal, espera arrecadar mais impostos; É que as «parteiras-de- vão-de-escada», não cobram IVA como se percebe. Esquece-se é que muitos médicos, de outras especialidades, também se furtam ao mesmo...
Pelo sim, pelo não, foi já subindo as taxas moderadoras nos serviços de saúde. Será que também, neste caso, se aplica a expressão «disciplinar os recursos e racionalizar os serviços»?
E, já agora, dado que segundo o sr. Ministro da Saúde, os milhões encaixados com as taxas «permitirão tratar dois mil novos casos de cancro», será que está a pensar também nos casos em que o mesmo aparece no útero ou nos ovários, decorrente de abortos consecutivos? Se assim for até se entende...
O que não se entende é que as mesmas mulheres, depois, tenham que esperar meses ou anos até serem operadas, quando foi tão rápido resolverem o dilema que provocou a «tragédia»...
Já agora, e só para fechar...
Sócrates, o grego, morreu envenenado... e tinha consciência da sua própria ignorância!
«Só sei que nada sei»!

Também não percebo...

... os argumentos dos que defendem que a despenalização do aborto é fruto da evolução da sociedade.
Julgava que evolução era criar condições para que esses casos não tivessem razão para acontecer.
Curiosamente os que defendem o «sim» ao referendo, são os mesmos que combatem pelo não à pena de morte.
A probabilidade de no segundo caso morrer um inocente, é infinitamente menor ao primeiro.
Mas ninguém gosta de ver as coisas assim não é?

Não se percebe...

... porque há tantos homens aderentes ao não se o referendo ao aborto for avante!
Afinal, rematam os sarcásticos, tudo até pode ficar mais fácil para eles.
Não sei se há estatísticas em Portugal que «classifiquem» por tipo, escalão etário, etc, as mulheres que decidem abortar. Mas se pensarmos que não são poucos os casos em que a gravidez é gerada fora do casamento, entende-se o entusiasmo de alguns!
É triste e, se calhar, até é verdade!

Murro no estômago!

No outro dia, também na TV, um casal falava sobre a morte prematura da filha, com um tipo raro de cancro. E o Pai dizia mais ou menos isto: «Tragédia é perder um filho; tudo o mais importa pouco...»
Não vale a pena dizer mais nada.

Não se sabe...

... ainda o resultado da entrada em vigor (tardia!) da base de dados para a adopção de crianças em Portugal ou os efeitos da nova lei que pretendia agilizar o processo. Mas, como vem sendo habitual, depois do «fogo-de-artifício» o assunto parece ter ficado esquecido. As crianças que aguardam por uma nova família, provavelmente também! Até porque o problema se pode resolver mais facilmente evitando que nasçam...

Vamos premiar a coragem, caramba!

O Tribunal Constitucional anuncia hoje a sua decisão sobre a proposta de referendo ao aborto. Depois a «batata quente» passa para as mãos de Cavaco.
No outro dia, num programa de entretenimento, um casal jovem pedia apenas condições, no fundo apenas empregos estáveis, para poderem criar o filho que corajosamente resolveram ter.
E digo corajosamente porque, na realidade, coragem não é enjeitar responsabilidades, mas sim assumi-las!
Já agora sr. Presidente, não tarda é o 10 de Junho e eles bem mereciam uma medalha...

Vale a pena ver...

e ouvir...

http://www.youtube.com/watch?v=CkYkuZaq6Jw

terça-feira, novembro 07, 2006

A palhaçada do costume

Eu para aqui a ouvir a palhaçada do costume na AR, com interpelação para cá e para lá sobre taxas moderadoras no SNS e cresce-me a vontade de brincar com assuntos sérios…
Não deveria…
Eu sei, mas cada vez mais neste Portugal ou brincamos com as coisas sérias ou a depressão é cada vez maior… e daí, se calhar chegámos onde chegámos exactamente por andarmos sempre a brincar com as coisas sérias…
Mas adiante…
Eles lá vão discutindo — ou fazendo conta de que o fazem… — sobre as novas taxas moderadoras no SNS e o pessoal, como é habitual nesta «lusocom», mais interessado no espectáculo do que no conteúdo do que se diz. E eu para aqui a pensar de quanto serão as ditas para o aborto, se o referendo vingar…
Aliás, como é suposto que variem em função do rendimento, iremos ter abortos mais caros do que outros? E, já agora: se depois do utente pagar, a equipa médica se recusar a fazer o aborto por qualquer razão, será que a devolvem? E em tratando-se de um serviço numa clínica particular? Dá para descontar no IRS, por exemplo em despesas de saúde? Friso bem: de saúde! Ou será que se criará uma alínea especial chamada IVG… e se o pessoal se engana a preencher? Já agora... o estado comparticipa no privado? É que, por exemplo, os diabéticos, os hemofílicos e outros que viram reduzidas ou mesmo retiradas taxas de comparticipação nos medicamentos e tratamentos, eram capaz de gostar de saber…
Pensando bem, esta história da comparticipação é mesmo importante. Se o Estado não comparticipar, estou mesmo a ver a malta das clínicas privadas a perguntar: «¿Está con el recibo o fuera?»