O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Sem palavras!

Sara, uma menina de dois anos, morreu, tudo indica vítima de maus tratos. A família já estava referenciada pela Comissão de Protecção de Menores ou pela Assistência Social desde 2005, que até agora não tinham agido por falta de meios. Ao que parece estava marcada uma visita para breve. Chegarão tarde!
Infelizmente também conheço o caso de um idoso a quem é necessária a assistência imediata, que ainda não aconteceu por falta de meios. E certamente a muitas outras Saras e a muitos outros idosos a quem se exige uma actuação rápida e eficaz, ela não acontece pela falta de meios: materiais ou humanos.
Sei que para alguns é fácil alegar que, por exemplo, no caso da Sara, a despenalização do aborto impediria que casos como este acontecessem. Impediria realmente? Sara tinha então culpa por ter nascido e querer viver? Não! A culpa é de quem permite, de quem admite que casos como estes aconteçam — já não falando de quem os provoca —, de quem fica impávido e sereno, não age e ainda bate alas à passagem dos que deveriam fazer leis e saber impô-las, além de terem capacidade para gerar condições para que a Sara crescesse e continuasse a sorrir.
Infelizmente, contudo, este é o País governado pelos que se preocupam mais em criar condições para que se aborte, que cria obstáculos à adopção e considera um luxo supérfluo e não comparticipável qualquer tratamento de fertilidade!

Ridiculo!

Isto é do mais ridículo que se possa imaginar e prova bem o desespero em que certas pessoas vivem...

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=255839

quarta-feira, dezembro 27, 2006

O Estado da Educação - IV

No fundo, no fundo, o difícil é conseguir alcançar o equilíbrio entre a liberdade do crescimento e o necessário exercício de autoridade para que a criança perceba correctamente os limites.
Para além de que o ponto desse equilíbrio variar de criança para criança — cada individuo é um individuo e necessáriamente diferente e com carácter próprio —, nada pior do que constatar como determinados pais que, esforçando-se em proporcionar um «mundo (materialmente) perfeito e agradável» para as suas crias, descuram o mais importante e decisivo para a criança: as desavenças, desacordos e total incapacidade de entendimento parental e, infelizmente, não raras vezes, o uso dos filhos como projécteis para agressões mútuas.

O Estado da Educação - III

Para reforçar a ideia que já tenho quanto ao importante papel dos pais na formação, nada melhor do que transcrever uma parte da correspondência trocada entre a professora referida no post anterior e o autor do livro «Lavrar o Mar»:

«(...) Nos tempos que correm as crianças vivem dentro de aquários. Fechadas e em redondo. Não brincam na rua ao apanha, não fazem recados, não trepam às árvores, não pilham da porta da mercearia do lado uma guloseima, não brincam aos médicos e às injecções escondidas nos arbustos, etc. Não se confrontam entre si e com os outros. Não descobrem os seus limites. Numa palavra, não se socializam capazmente.
É tão triste olhar hoje para esses quadrados a que chamam parque infantil e observar. Para cada criança há um adulto a controlar. A controlar tudo, até a conversa entre elas. Às vezes dois adultos por criança. São mais adultos que crianças.
Os obstáculos que lá estão colocados são de uma mariquice extrema. Um escorrega mini, uns cogumelos mini de borracha, a uns 30 centímetros do chão, para saltar, uns degraus mini para subir e descer. Tudo mini. Tudo reduzido. Trabalho corporal reduzido, dificuldades de pericia para superar reduzidas, treino do «desenrasca» reduzido. Zero de confronto e cooperação entre os miúdos.
Para ali andam sem estímulo á inventiva, não chegam sequer a montar um jogo de grupo. Não têm qualquer hipótese de transgressão saudável para aprender a medir. Não há descoberta das regras da vida em grupo. Todos absolutamente controlados pela paranóia da segurança.
Cá para mim são uma espécie de campos de concentração. Já não há lazer espontâneo, por conta própria, nem escola da vida.
O mundo tornou-se um lugar perigoso, diz-se. Há droga por todo o lado, doença em qualquer objecto e o nosso semelhante é sentido com desconfiança. O outro pode ser um raptor ou, pior ainda, um violador. Portanto, as crianças não aprendem nem treinam a liberdade e os seus limites. Há hoje todo um clima securitário que envolve excessivamente as crianças que não augura nada de bom. Digo eu.
Portanto vivem blindados e sedentariamente. Tornam-se inibidos, inseguros, «fracalhotes», mas com frequência obesos. Socializam-se passivamente. Vêem televisão e por ela são excitados na energia vital que possuem e não aplicam.
Vão para as creches ou jardins-de-infância onde cada vez mais se escolariza na ilusão patética de que isso é intelectualmente positivo. Nada mais errado.
A estrutura e a vivência da família tomaram outros rumos?!... Não estamos juntos, não há trocas, os papéis parentais não podem ser plenamente assumidos. Os pensamentos fundadores e a linguagem fundadora não dispõem de tempo para acontecer e cumprir o seu papel.
Noutros casos, a desorganização familiar instalou-se, as crianças não têm referentes claros e estruturadores. Os adultos à sua voltam não permanecem. Sucedem-se. Uns dão lugar a outros num permanente carrossel. A confusão instala-se. Não há modelos sólidos de identificação.
já todos estamos cansados de saber isso, embora façamos de conta.
Assim chegam à escola. Sem experiência integrada de liberdade e, meu amigo, a liberdade é o único caminho para a disciplina.
Bem pode a escola, justamente, gritar que os miúdos são mal-educados, que a escola já tem tarefas a mais e que não pode educar. Que compete à família educar. E por aí adiante.
Não há outro remédio, todos temos de educar. A escola também. Apesar de tudo, a escola ainda é o que os miúdos têm de mais seguro e estável.
»

A professora Eulália Barros simplesmente constata uma verdade nem sempre evidente para a maioria dos pais: quando em post anterior me referia às barbies e kens que sem dificuldade tropeçamos em qualquer centro comercial, vestidos com o rigor da moda imposta pelos adultos e déspotas na exigência, não mais reflectem um comportamento adquirido dos mais velhos.
São as crianças que não brincam de forma salutar, são as crianças que se isolam nos seus quartos onde não falta a TV, o DVD, a consola de jogos e o computador com a internet e que aprendem a interagir de forma virtual.
E porquê? Porque é mais fácil para os adultos contentá-los deste modo, porque exige menos disponibilidade de tempo e cria até a fácil ilusão de segurança e maior controlo sobre as suas actividades.
Esquecemo-nos do mais óbvio: um pequeno tombo pode prevenir quedas maiores e um individuo prevenido está muito mais preparado para enfrentar as adversidades.

O Estado da Educação - II

Para se ter uma ideia, no livro é abordada uma questão muito simples e prática, vivida por uma professora que não sendo da geração dos que cresceram com a informática, ou seja, não percebia patavina do assunto, decidiu aprender a funcionar correctamente com o seu portátil.
Tendo-se inscrito num curso privado de formação intensiva, rapidamente percebeu as dificuldades da aplicação prática da matéria teórica aprendida, tudo por causa da forma como o curso estava estruturado.
Essa má transição, essa não percepção, ou a importância prática e efectiva da aplicação do que se aprende na sala de aulas, desde sempre foi um dos factores desmotivadores dos alunos. Mais ainda hoje, quando existem mais e é mais facilitado o acesso a estímulos externos à escola, desde a televisão às consolas de jogo, passando pelo computador e pela internet.
Tornando-se necessário saber racionalizar o acesso a essas fontes de estímulo, sabemos todos que não apenas não é fácil como na maioria das vezes são os próprios progenitores os principais incentivadores ao seu uso!

O Estado da Educação - I

Já em tempos aqui desabafei pelo estado da educação dos mais novos em Portugal e não apenas no que se refere ao papel dos professores, mas de todos enquanto formadores.
O livro recente de Daniel Sampaio, «Lavrar o Mar», só vem confirmar o total desajustamento e a quantidade de erros que continuam a ser cometidos na formação dos «adultos de amanhã» e se a expressão vai entre aspas é pela dúvida se realmente atingiram um estágio de crescimento e maturidade para que possam ser considerados como tal.
Mas se todos são responsáveis, desde os pais que encaram os filhos como se de Barbies e Kens se tratassem, até quem cria e alimenta um sistema de ensino totalmente desintegrado da realidade, também é verdade que a solução do problema não é simples, nem rápida e nem sequer se trata de uma questão meramente portuguesa.

E por falar em financiamentos...

A estupidez chega ao ponto de haver «barraquinhas» na rua com defensores de cada um dos lados a recolherem donativos para as respectivas campanhas, para além, obviamente, de assinaturas para que possam ser considerados movimentos e participarem na campanha oficial.
Não tenho dúvidas quanto à facilidade de obtenção de fundos dos que pretendem alterar a lei, já que quem pretende ganhar dinheiro com o aborto sempre terão que investir algum.
O mais triste é que haja tanta mobilização para tudo isto e se preveja gastar rios de dinheiro como se o resultado, seja ele qual seja, se revista de uma importância extrema ou daí dependa o desenvolvimento. Não sei e duvido que alguém saiba ao certo quantas situações de aborto há anualmente em Portugal, mas certamente que, para cada uma dessas mulheres que continuarão a abortar, há uma criança carente, um sem-abrigo ou um idoso necessitado e pela felicidade ou bem-estar deles ninguém referenda.
E é toda esta hipocrisia que me faz sentir que tudo isto é um imenso caldeirão de merda que arranjaram para que o País se entretenha a remexê-lo.
Eu próprio sou um deles!

A discussão do aborto só tem gerado verdadeiros abortos!

Dei uma volta pelos diversos sites e blogs dedicados ao próximo referendo e confesso que fiquei ainda mais convencido da validade do que penso e acho.
Não me movendo qualquer sentimento católico para o não, mas uma moral que me impede de encarar com a leviandade que vi os adeptos do sim tratarem do assunto, justifico o meu NÃO ao referendo como forma de defender que este referendo nem sequer deveria ocorrer.
Não, não concordo e custa-me encarar a ideia de uma mulher ir parar à prisão pela prática de um aborto, muito menos me custa que quem se aproveita do drama alheio, bata lá com os costados.
Obviamente que tudo isto não passa de uma verdadeira palhaçada destinada a entreter e dividir a opinião pública durante uns tempos. Ninguém dúvida que na hipótese do sim vingar, muita gente ganhará com isso, até mesmo os donos das clinicas privadas que ainda muito recentemente vieram a publico dizerem que não tinham condições para a prática nesses estabelecimentos; é uma questão de finaciarem outros, obviamente, até porque já se está a ver que os hospitais e centros de saúde é que não vão ter capacidade para tal. Ou será que se andam a fechar maternidades para abrir centros de aborto?
Quem se lixa somos todos nós que vamos continuar a financiar a saúde com os nossos impostos, ou antes passaremos também a financiar a morte. Daqui a uns tempos estaremos ou estarão os senhores deputados a discutir afinal até quantos abortos por pessoa é que o Estado pode financiar, como acontece em Itália, e só a simples ideia disso acontecer é abjecta.

O maior português do Século XXI

Bem, se assim for e o senhor persistir no estilo e linha de acção, arriscamo-nos a que o filho da parteira possa vir a ser considerado o maior português do século XXI, numa votação levada a cabo pela televisão portuguesa em 2101...
Ai como eu gosto de ti Portugal... «quanto do teu sal são lágrimas...»

Regresso ao Passado: O Patriarca e Salazar nas mensagens de Natal!

Sendo agnóstico «praticante» não deixei por isso de ouvir a mensagem do «nosso» Patriarca. Gostei de o ver na escola do Tojal depois dos escândalos que a abalaram, pois gosto sempre de ver quem é responsável dar a cara, assumir e não fazer por esquecer ou disfarçar quando as coisas não correm exactamente como se professa.
Acabei também por gostar do discurso e não posso estar mais de acordo com o tema e o conteúdo, mesmo não sendo católico. É pena que, realmente, as crianças sejam o principal alvo de atitudes de adultos que não souberam, não puderam ou se esqueceram de quando foram crianças e é pena também, sobretudo, que na história dos hotéis referenciados como não aceitando ou preterindo crianças, tal se deva à incompetência pura e simples dos pais para educarem os filhos e dos outros que atrás referi.
Quanto à história do aborto, enfim, mais uma vez irresponsabilidade na sua esmagadora maioria de adultos que não sabem ou querem assumir obrigações... adiante!
Deixemos de falar de coisas sérias, para fazer um apontamento final ao tom e forma do discurso com que o outro senhor, o de S. Bento, nos brindou também pela altura do Natal. É impressão minha ou o estilo está cada vez mais parecido com as Conversas em Família de Caetano? Caramba, ou isso, ou temos um Salazar do Século XXI!

Sexo por atacado!


Não há revista feminina que todas as semanas não tenha um artigo relacionado com sexo e não o publicite na capa.
Cada vez mais, o sexo vende.
Nunca se falou tanto de sexo, nunca fomos tão desinibidos a discutir sexo, nunca o sexo esteve tão na moda.
O Mundo quer mais sexo, toda a gente quer mais e maior sexo; mais e em maior quantidade. É o super-orgasmo, são os orgasmos múltiplos, é a importância do orgasmo em simultâneo, o «blind date», a busca de emoções que o desconhecido proporciona no sexo com estranhos(as), é o sexo tântrico que atrasa o clímax à espera de que ele surja com mais intensidade, são as operações e produtos para alterações fisiológicas nos corpos masculinos e femininos, são os heterossexuais que procuram «novas» sensações nos relacionamentos com o mesmo sexo... e poderia ficar aqui, tantricamente o dia inteiro, a adiar o final do post...
As revistas explicam como encantar o parceiro(a), como levá-lo «às nuvens», como agradá-lo(a) e, caramba, se alguém dá verdadeiramente importância aquilo, só posso ser levado a crer que, realmente, cada vez se percebe menos do assunto!
A verdade é que falar mais, não implica necessariamente que se diga qualquer coisa de útil e de válido; definitivamente, em muita gente, o estágio de desenvolvimento pode ser o mesmo daquela fase da adolescência em que se faz e conhece tudo só para impressionar os outros...
Para ser franco, mesmo correndo o risco de ser julgado como «careta» (como eu gosto de correr riscos...), o que realmente acho é que há quem substitua ou pretenda substituir muita insuficiência própria, muita falta de auto-estima e muita insegurança com sexo.
Sim! Sexo é importante! Sexo é bom! O Sexo é muito importante numa relação, mas ainda estou para conhecer uma que se mantenha equilibrada só por sua causa. É verdade que há quem diga que sim... mas o que é que no fundo se pretende disfarçar, a que é que se pretendem «agarrar» como justificação?
Pertenço à geração dos que defendem que no sexo não tem que existir necessariamente amor, a virgindade não é um dom ou que o assunto deva ser um tabu.
Mas caramba! Cada vez mais me considero também, da geração dos que defendem que exista pelo menos um pouco de afecto no sexo!
Se é que me faço entender...

terça-feira, dezembro 26, 2006

«Vá-se» lá entendê-las?!

João Pereira Coutinho, cronista da Maxmen, tem numa das últimas edições, o seguinte comentário sobre as mulheres: «Freud morreu sem saber o que queriam as mulheres. Eu desconfio que Freud expirou quando percebeu o que elas queriam realmente. Ou seja, tudo e mais alguma coisa. Basta ler uma revista da especialidade e tremer com as homéricas exigências das fêmeas. Não, elas não querem apenas homens. Elas querem super-homens, capazes de deslumbrar no quarto, na cozinha, na sala – e nas horas livres suplantarem o humor de Woody Allen, a inteligência de Einstein e a criatividade de Chaplin. Não admira que a infelicidade seja comum. Quando se dispara para todos os lados, acaba por se espantar a caça.»
Sem querer obviamente generalizar — afinal é preciso ter fé de que ainda há mulheres com bom senso —, e mesmo correndo o risco de arcar com o epiteto de «machista», nada de mais verdadeiro. Mas não são elas próprias a propiciar que as coisas atinjam exactamente o ponto de que tanto se queixam?!
Hum?!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Contra Senso II

Em Itália discute-se o direito à Eutanásia.
Em Itália, um médico vai sentar-se no banco dos réus por ter permitido a Piergiorgio Welbi, que sofria de distrofia muscular avançada e, por isso, vivendo num estado pouco mais que vegetativo desde 1997, dependente de máquinas, morresse com dignidade e deixasse de sofrer.
A Itália enviou tropas para o Iraque. No Iraque, morreram civis inocentes entre elas crianças que desejavam viver;
Em Itália, desde 1978 que é legal abortar e matar potenciais vidas a quem ninguém, obviamente, consulta sobre a decisão;
Em Itália não se permite que um adulto que sofre, se encontra num estado irreversível e no pleno direito das suas faculdades mentais, receba ajuda para se respeite a sua decisão; a Itália contribui para que se matem inocentes e aí cumpre-se a Constituição!

Contra Senso I

Um «dois-em-um» no que respeita a contra sensos...
A esperança média de vida é cada vez maior mas, cada vez mais, temos pressa em viver; ser famoso mais cedo; ser rico mais cedo; ser chefe mais cedo; ser reconhecido mais cedo; ter carro mais cedo; ter um carro de luxo mais cedo; tudo ter de material mais cedo...
No meio disto tudo esquecemo-nos do mais importante: viver!
À conta disso temos AVC's mais cedo, ataques cardíacos mais cedo, cancro mais cedo...
Onde está o segundo contra senso? É que a esperança de vida mais longa não tem a ver com mais saúde! Simplesmente os avanços da ciência permitem que vivamos doentes durante mais tempo...

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Troco...

15 pequenos e delicados agrafos em liga de titânio, provenientes de recente intervenção cirúrgica. Usados e ligeiramente abertos, tiveram a honra de partilhar o meu corpo 4 ininterruptos dias. Troco-os, à unidade ou em conjunto, a quem prometer tratá-los com o devido respeito e carinho, além de agradecer a oferta de um termómetro capaz de medir a febre do disparate que me levou a escrever este post….