O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

quarta-feira, maio 31, 2006


Hoje sinto-me down...
Não sei se é deste tempo que nem aquece nem arrefece, nem faz chuva nem faz sol, se do olhar de desalento que descubro nos olhares das pessoas com quem me cruzo na rua. Que falta de amor e de esperança, que falta de interesses e de alento, que ausência de vontade...
Ou se calhar sou eu que me sinto assim.
E espelho-me nesses olhares...

terça-feira, maio 30, 2006


Uma fábula a propósito…

Reconheço a minha falta de jeito para construir fábulas; não me surgiu, contudo, melhor forma para falar da falta de afirmação, ausência de iniciativa e muito comodismo, quantas vezes também gerado pela ausência de amor e vontade própria.

«Era uma vez uma pequenina flor que teimava em despontar para além da erva alta que a rodeava. Ela tinha uma vontade imensa e descobriu em si um vigor que desconhecia possuir, mas que a fez crescer forte, segura e resistente ao vento. Por causa disso, por ter feito das suas fraquezas força, ganhou um imenso orgulho em si, na sua capacidade e tenacidade, ensinando e incentivando todas as que a rodeavam para que teimassem em descobrir em si o ânimo que as tornaria robustas e faria daquele campo um bonito e invejado tapete de flores multicolores. Não era a mais bonita de entre todas as flores, mas, pela energia que dela transbordava, quase todas as outras a apreciavam, mesmo não sendo ela, nem a mais colorida, nem a mais vistosa, nem a que emanava o perfume mais requintado.

Era uma vez uma planta que cresceu protegida e objecto de todos os cuidados. Era alvo constante do seu criador, que a aparava quando queria crescer demasiado para além daquilo que o seu protector concebera. Ele protegia-a, zelava para que não tivesse nem sol nem humidade a mais, para que os seus ramos não escapassem livremente e desfeassem a obra que zelosamente acarinhava e que, além do prazer de a contemplar e exibir, era a companhia permanente dos seus dias. Ela, delicada planta, gostava e desfrutava por ser o brilho de todas as atenções, mas, um dia, teimosa que era, conseguiu ludibriar atenções e, num esforço corajoso, tentou fazer-se árvore por vontade própria. Descobriu, então, o quanto era frágil e carente, o quanto, por ter crescido enlevada em protecções, desconhecia o mundo e o quanto não estava ajeitada para o enfrentar. Definhou lamentando o gesto de rebeldia que a privou dos cuidados e dedicação, carinhos que a afastaram do seu curso natural e lhe condicionaram o crescimento, mas que a reconfortavam; deplorou os dias e a vida, pobre e desadaptado bonsai que culpava agora o mundo cruel das suas amarguras e angústias, porque cresceu sem defesas, sem forças, sem atitude e com uma desajustada vontade própria que agora o fazia suspirar pela atenção do seu criador.

E era uma vez um pequeno passarinho que hesitava em abandonar o ninho. Tal como o bonsai, ele cresceu objecto, mais do que carinhos, da presença castradora de uma mãe que confundia afecto com a posse egoísta da sua vontade. Ele sabia o quanto desgostaria a sua progenitora quando um dia resolvesse voar para longe, via-o na mágoa que ela fazia questão de demonstrar sempre que ele se aventurava por qualquer ramo vizinho. Não desdenhava os perigos que o espreitavam no seu voo; mas sabia também que, se não encontrasse vontade de ser livre e de encontrar o seu rumo, impediria a sua mãe de gerar novos ninhos.»

Os mais pessimistas dirão que a bota do caçador esmagou a flor antes do tiro certeiro. Os mais optimistas, que uma abelha poisou na flor que se destacava e, nas suas patas, transportou o polén que gerou um mel revigorante, enquanto o pequeno passarinho se fez adulto e soube sempre ensinar as suas crias a voar.
De qualquer modo, do retorcido bonsai, não reza a história. Ainda que a Natureza seja indiscutivelmente menos complexa do que a alma humana!

sábado, maio 27, 2006


Menino birrento

Confesso: não gosto mesmo nada do nosso filósofo/escritor/político. Como pessoa. Do resto não sei, nunca li e não faço tenção de ler, mesmo que por isso me chamem ignorante. Não quero saber.
Ele comporta-se como um menino mimado que faz birra quando não lhe fazem as vontades, e, como tal, caprichoso no seu ar muito superior de olhar os outros como seres inferiores e analfabetos. Claro que nunca erra, nunca falha, nunca tem culpa, pois o ónus de tudo o que de mal acontece é sempre dos outros, ignóbeis e incansáveis malandros, cuja mesquinhez e inveja os leva frequentemente a quererem fazer-lhe coisas pelas costas. Pois…
Também não ouve ou não sabe ouvir, principalmente quando as opiniões são contrárias à da sua sapiente cabeça, não correspondem à sua vontade ou pura e simplesmente o colocam em contradição. É, pelo menos, a imagem com que fico ao ouvi-lo, mas a verdade é que não sei, nunca falei com ele, quanto mais privei, e nem sequer alguma vez me dediquei a ler algum livro que tenha escrito.
Mas é a imagem de um extremo de que não gosto!
Agora, do pouco que conheço de sua mulher, do que ouvi, do que li e de uma ou duas vezes ter falado com ela, em termos meramente profissionais mas que acabaram por se tornar coloquiais, entendo que ainda existam pessoas que o conseguem aturar; no caso dela, é por demais evidente que o consegue, porque, pelo que percebo, sempre teve jeito para crianças…
É, por isso, uma personagem, mais do que inconveniente, incómoda para alguns. Perigosa até! Tarde percebeu que a sua candidatura à presidência da Câmara, no cumprimento de mais uma das suas birrentas vontades, foi aproveitada pelos seus pares para o «queimar» e descredibilizar politicamente.
Este texto vem a propósito do seu livro — o qual não tenho nenhuma intenção de ler, repito —, mas cujos excertos nos meios de comunicação e o debate na RTP se suscitaram algumas ideias.
Ideias sobre o funcionamento dos ditos «meios de comunicação» em Portugal. Ideias que passam pelos autênticos viveiros de estagiários em que se tornaram a maioria das redacções, do que os jornalistas fazem por «aquele exclusivo» — como se atropelam, como se «vendem», ao que são «obrigados» e às cumplicidades que se geram e descredibilizam a ideia de imparcialidade que é suposto terem —, até ao simples facto de já não ser necessário dispor de carteira profissional de jornalista para se ser director de um jornal. Ou em certos tipos de «pressões»…
Eles «há-dem» ver como ainda volto ao tema. Para já chega. «Prontos»!

quinta-feira, maio 25, 2006

Faça um favor à credibilidade!


Temos como figura do Estado Português um senhor que é bem o reflexo da forma de estar nacional. O «deixa andar», a desresponsabilização e, como escreveria Paulo Coelho, provavelmente com um «Banco de Favores» bastante vasto.
Só assim se entende como o organismo que supostamente dirige se mostra totalmente incapaz… É que ele também age de igual forma!
«Deixar andar» neste caso, significa prescrever. E prescrever significa menos trabalho não é? E deve haver muito trabalho, pois só assim se compreende que, processos com carácter de urgência, demorem meses para chegarem a alguma conclusão. Se é que chegam!
Para tranquilizar a população — e quiçá para manter até ao fim o seu tacho —, esta nobre figura, sujeita a pressões que só ele conhece, surge volta e meia a «botar sentença». Recentemente — porque, afinal, a casa que supostamente dirige é um verdadeiro ralo de informações confidenciais para o exterior e ele não deseja ficar atrás… —, chegou ao extremo de «oferecer-se» para entrevista a um semanário nacional, onde revela dados sobre uma investigação que ainda está em curso.
Ora pergunto: não é isso quebra de segredo de justiça?
Não, porque os culpados, segundo este senhor, são os jornalistas. Os jornalistas que revelaram o que está mal, como culpados são os jornalistas que denunciam a sua incompetência. Não, claro está, os jornalistas e os jornais que se «vendem» por uma declaração exclusiva sua.
Quando dá jeito!...
Como todos nós o entendemos meu caro cidadão português!
Como nós gostamos de «deixar andar» à espera que o ordenado caia ao fim de cada mês, como nunca temos culpa das acções que praticamos porque a Justiça é cega e não nos vê e como gostamos, volta não volta, de arrotar umas «postas de pescada» e de nos curvarmos para o nobre acto de engraxar, pois é assim que, geralmente, neste rectângulo se conquista o direito a um dia andarmos com os sapatos polidos por outrem…
E ainda querem que acreditemos na Justiça, na Política, nas Instituições em geral? Já que parece que ninguém os tem no sitio para tomar a atitude de o pôr a mexer («rabos de palha»? «Telhados de vidro»?), que tal se tivesse a muito honorável atitude de ir a banhos que o verão está à porta? E ficar por lá…
Mas não quero parecer demasiado injusto. Provavelmente, o facto de permanentemente parecer estar com o nariz entupido, deve criar-lhe problemas de oxigenação ao cérebro…