O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

quinta-feira, maio 24, 2007

O transbordar do penico!

Opá. De repente lembrei-me de uma música. Obviamente que a melodia é «A Casa» de Vinicius...

Era um ministro
Muito engraçado
Ele tinha braço
Ele tinha perna
Ele tinha tudo

Mas ele não tinha
Não tinha não
Muito cabelo
E barba também não

Também não tinha
Não tinha não
Debaixo da careca
Não havia juízo
E cérebro também não!

É impressão minha... ou há gente dentro do PS decididamente desesperada perante a hipótese do novo aeroporto não ser construído na OTA? Até Almeida Santos, que tomo por alguém de bom senso vem à liça colocar um cenário de um atentado terrorista numa das pontes!

Por amor de Deus. Até que nem quero ter aviões a passar por cima da minha cabeça; muito menos assistir à destruição da imagem de «campo» que algumas zonas da Margem Sul ainda conservam, mesmo se, infelizmente, muitas tem desaparecido por causa dos prédios cujas casas permanecem anos à venda... Mas isto!

Começo a ter pena de Sócrates. Deve ser difícil gerir um bando de anormais que só sabem dar tiros nos próprios pés... desde a educação à saúde, como a última de Correia de Campos, o Ministro da Saúde que veio falar da sustentabilidade do SNS à custa do reforço das taxas moderadoras... depois de, ainda não muitos meses, ter dito que o mesmo SNS dispunha de não sei quantos milhões de contos para financiar abortos!

Será que o Ministro Lino ao dizer o que disse, se esqueceu que foi o seu governo que quis fechar o hospital do Montijo e transferir tudo para Setúbal? E vem falar da falta de hospitais, escolas e serviços na margem sul. Pois venha sr. ministro. Talvez também possa falar das escolas que o governo tem fechado... dos centros de saúde prometidos e não ainda não construídos por falta de verbas... do desinvestimento na segurança... quer?

No fundo, a estratégia é simples. Os próprios alemães quiseram-na seguir para apuramento da raça. Neste caso, deixa-se morrer mais rapidamente os idosos e as crianças mais fracas, por falta de atendimento atempado, aumenta-se a pobreza para baixar o grau de exigência em matéria salarial e enriquece-se ainda mais quem já é rico à espera que invista.

Hitler ao menos foi menos cínico. Sempre disse o que queria, o que pretendia e para fazer sofrer menos tratou de construir logo câmaras de gás. Pelo menos diminuiu o tempo de sofrimento!

Em qualquer dos casos... o contrato para fornecimento de gás argelino até pode ter outro sentido! Se repararmos em quem o assinou...

Para além do Lino sem tino foi o mesmo Pinho que quis encantar a China com os baixos salários dos trabalhadores portugueses...

Pensado bem, não tenho pena de engenheiros da desgraça. Teve direito a escolher a sua equipa. E, pelo menos no futebol, normalmente o primeiro a ser corrido é sempre o treinador...

quarta-feira, maio 23, 2007

Mês das aparições!


Sento-me, abro o programa e começo a teclar com o firme propósito de escrever algo positivo; ou, pelo menos, não negativo!

Não tenho cá vindo e se este é o meu caderno de desabafos e a minha forma de psicanálise isso só pode ser bom sinal! A não necessidade de o fazer, e não é nem por falta de oportunidade ou tempo, significará que me equilibro?

Óptimo! Talvez por isso não atinja o génio de um Woody Allen, por outro lado significa também que consigo encontrar nos amigos certos, ajuda na árdua tarefa de compreender-me e compreender por onde e para onde me movo.

Reconforta saber que sentirão o mesmo.

A idade e experiência de vida, traz-nos inevitavelmente destas coisas: aprendermos a fazer uma selecção entre quem conhecemos ou vamos conhecendo e dar a importância que consideramos devida para que nos conheçam. Será demasiada racionalidade ou injustiça? É pelo menos isso que resta e também aprendemos à custa das desilusões com as pessoas erradas que foram cruzando a nossa vida!

Esse pragmatismo tornou-me pelo menos mais verdadeiro e oferece-me segurança, além de que uma maior lucidez das situações me proporciona uma tranquilidade de espirito que nunca tinha vivido. Se no entanto fraquejar... enfim! Há sempre o gato Alex disponível para me ouvir e ajudar a desculpar-me quando me apetece «falar para os meus botões»...

E, inevitavelmente, uma música com o poema certo para falar por nós.
Como este; Jorge Palma, claro!



Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar


Obrigadinho, ó pá! «A Gente Vai Continuar»!

quinta-feira, maio 03, 2007

Quando a democracia perde definitivamente a credibilidade...

Decorrem actualmente, em Portugal e no Mundo, vários actos eleitorais. Perspectivam-se outros, nomeadamente em Lisboa. Onde e como todos se cruzam? Se calhar no facto de aquele que deveria ser o mais perfeito dos regimes políticos, a Democracia, tender a vulgarizar-se em fait divers, banalizando-se como um qualquer reality show televisivo em versão mais ou menos (re)criativa. No qual o público - os eleitores - vão eliminando os concorrentes - os candidatos - até que reste o menos mau ou eventualmente aquele que melhor soube «jogar», encantando as audiências com a sua postura e com promessas de entretenimento futuro...

A queda do último portão de Bastilha!

Ontem foi noite do grande debate televisivo em França. Desde De Gaulle que a França vive órfã de uma figura política de relevo e marcante para a sua história recente, inclusive a Europeia. É verdade de teve François Mitterrand, tem Jacques Chirac, titubeantes, ambíguos e cataventos, infelizmente também um corsário demagogo chamado Le Pen, e talvez só Pompidou ou Giscard d'Estaing se tenham aproximado em atitude e acção da figura do general que conduziu a França na clandestinidade à libertação nazi e depois seria chamado a refazer uma França mais moderna, actuante, cultural e economicamente importante no contexto europeu.

A França parece no entanto padecer do eterno receio de ressuscitar um Pétain (pelas características da então constituição francesa, a figura cimeira da presidência e da chefia do governo durante o governo fantoche instalado pelos nazis), ainda e sempre mantém-se na sombra fantasma do eixo franco-alemão e permanece em rivalidade eterna com o protagonismo da velha Albion. O que não deixa de tornar inevitável olhar Sarcozy e encará-lo, pelos gestos e atitude, como uma aproximada versão brioche de Blair, enquanto que nas políticas e ideologias mais lembra o pensamento de ferro da dama Thatcher.

Em alternativa, os franceses têm os olhos maternos, protectores mas determinados da rival Ségolène, auto imposta pelas sondagens e sapo mal engolido pelo aparelho socialista que se obrigou a aceitá-la. Linda, glamourosa e com um olhar fascinante, Royal impôs-se numa sociedade que, tendo marcado a evolução cultural europeia dos últimos séculos, que deu a República, a Comuna, a Declaração dos Direitos Humanos, a escrita, a poesia e a pintura mais marcantes, que ainda hoje estabelece as novas tendências da moda, que impôs o biquíni e o topless, parece desconfiada em aceitar ser governada por uma mulher.

A mesma França que canonizou Joana D'Arc, que estabeleceu Marianne com o seu gorro frígio como símbolo da República e adoptou muitos outros símbolos femininos, e que apenas contrapõe o combativo galo para não se desvirilizar demasiado, mesmo esse reduzido a fins desportivos ou militares.

Curioso verificar que, entre a grossa fatia dos seus apoiantes estão declaradamente os homens dos 35 aos 50 anos, mais experientes no reconhecimento e na apreciação de uma mulher madura, determinada e lutadora, que nem por isso abdica da graça, do toque feminino e sedutor, ou até que, sem pruridos e realçando o papel de mulher/mãe, tem sabido inteligentemente fazer disso uma arma de combate político. Notável! Fascinante!

Igualmente curioso e até risível, entre os seus maiores detractores, estão maioritariamente as mulheres, incapazes de lidar com as capacidades, protagonismo, admiração e demonstrações de vitalidade de Ségolène, ex-ministra e ainda deputada. Talvez não venha a tornar-se na primeira mulher a alcançar a Presidência Francesa. Provavelmente, as suas políticas económicas até são demasiado irrealistas para se imporem nos tempos actuais da república tricolor, mesmo tratando-se do país que tanto preza o lado social e protector do estado. Ou, pelo contrário e até por isso, se calhar, dada a proximidade nas sondagens e à garra ontem demonstrada, Ségolène consiga surpreender a França mesmo em cima da hora. De forma imprevisível. Surpreendente e com o glamour sedutor e convicto que só as mulheres parecem possuir quando desejam conquistar!

Ai... Timor!

Promete (esperemos que não) mais actos de sangrenta violência ou pelo menos não oferece garantias de paz futura, até pelas características do Povo e do território, as eleições para a Presidência em Timor.
Em que interessa a Portugal? Nada, rigorosamente nada.
Não acredito, aliás, que Portugal possa alguma vez vir a beneficiar do que tem investido em Timor. Nem do esforço, principalmente o dos professores e das ONGs.
De uma vez por todas, deixemos de apontar deveres ou responsabilidades, seja pelo acto colonizador, seja pela atabalhoada e irresponsável fuga a que se convencionou chamar descolonização.
«Laços históricos» entre Povos? Ideias românticas construídas sobre um «passado comum»? Se para a maioria do cidadão português e muito particularmente para as novas gerações isso nada representa, quem é que pode esperar que em Timor seja diferente? Apenas porque meia dúzia de pessoas, de ambos os lados ainda o afirma? E, desses, quantos não o fazem simplesmente pelo politicamente correcto ou para simplesmente justificarem proventos próprios?
Timor ou qualquer outro território ex-Ultramarino! Para esses povos, e falo do povo mesmo, o carenciado, o desalojado, o desempregado, o pobre, Portugal não representa mais do que uma oportunidade de emprego e melhoria de vida. Quanto muito, se para tal for útil falar na «língua comum»… Pois porque não?
Menos pruridos têm quem detém o poder; Portugal concorre de igual com todos as outras potências (ou até em inferioridade dada a estúpida tendência de não nos impormos com receio de melindrar o «povo-irmão»…) ao petróleo angolano ou ao timorense e só quem não percebe a realidade moçambicana pode deixar de achar natural que este País privilegie a Commonwealth aos Palop.
«Regressando» a Timor: poderia ser piada final a notícia da intenção de Xanana Gusmão vir a candidatar-se a primeiro-ministro, ao seu eleito para a liderança do Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), partido que logicamente concorrerá às próximas eleições.
Podia ser. Não fosse lembrar-me de um certo Presidente, de um certo País que, ainda antes de deixar de o ser patrocinou a criação de um partido… que o esperava quando terminasse o mandato. Esse partido era o Partido Renovador Democrático, PRD. Esse homem era (é) Ramalho Eanes.
E não é que as coisas absurdas eles até aprendem depressa!

quarta-feira, maio 02, 2007

Beleza suspensa!

Eles (ou elas...) andam ai!


Ai Portugal, Portugal...


Que esta não se torne a imagem de marca de um País...

Idoso, conformado, imóvel, difuso e de costas voltadas.

Porque é tão fácil gostar de ouvir Jorge Palma!...

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Jorge Palma, in Voo Nocturno
(para quem gosta recomendo uma visita aqui)