O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

terça-feira, junho 26, 2007

Pai sofre...




A verdade é que até teve partes muito divertidas e agradáveis...

Por exemplo, logo no início...
Hã! Olá, sim estou por aqui como estás?
Um momento! Volto daqui a nada para contar o resto...

segunda-feira, junho 25, 2007

É caso para dizer...

... faz tu que hoje não me dá jeito!...

http://www.youtube.com/watch?v=Rc03n51Injo


Bora lá fazer a puta da revolução
Dar a volta a esta merda de uma vez por todas
Eu não consigo compactuar com este estado de coisas
Tá na hora de tocarmos no assunto com as nossas mãos
Vamos ver…

Segunda não dá jeito porque saio sempre tarde
À Terça e à Quinta tenho terapia, não dá para faltar
Às Quartas tenho a lerpa com a rapaziada, sabes que a cartada é sagrada boy, não me digas nada
Sexta-Feira é dia de apanhar uma bela toca
Sábado levo o puto ao HappyMeal com um sorriso na boca
Resta o Domingo, só espero não tar muito cansado
Se o Benfica não jogar boy, tá combinado.

(Revolução - DA WEASEL)

sexta-feira, junho 22, 2007

É uma loucura!

ou o triunfo do non sense...
http://www.youtube.com/watch?v=uzA0nG_PurQ

É preciso ter azar!...

Bolas! Não basta ser português e ter pouco para onde fugir; o pessoal bem pode atirar-se ao mar que já pouco lhe resta.

Senão vejamos:

Para nos tratar da Saúde temos um cabotino que, volta e meia, gosta de fazer palhaçadas como partir cadeiras, além de demonstra uma incompetência e total desconhecimento do Ministério que deveria gerir.
Resultado: o sector vai de mal a pior... em vez de se curar... morre-se! Porreiro...

Para gerir as pontes, as estradas e tudo quanto sejam as obras públicas quem nos calhou? Um desatino de figura que ora diz uma coisa, ora diz outra, ora quer uma coisa, ora quer outra, ora sabe, ora não sabe (excepto falar francês, claro...). Não nos esqueçamos que é sobre esta sebosa cabecinha que repousa a responsabilidade de gerir os muitos milhares de milhões de dinheirinho que todos os meses nos é sacado do ordenado...
Porreiro!...

Quanto à senhora da Educação... bem, a anedota só seria completa se ela própria fosse obrigada a fazer, digamos, um exame de aferição. É triste de facto. Muito triste. Há duas, repito duas ministras neste propalado (des)governo «da paridade» (a outra é a da cultura e, felizmente, parece que já foram substituídos, por «gente de confiança», todos os postos principais de Teatros Nacionais e Museus, senão ainda se ouvia falar nela...) e logo tinham que ser tais personagens as eleitas!... Enfim, assim como assim, é uma boa desculpa para só haver duas; imagine-se se fossem escolhidas mais da mesma colheita!

Quem falta de relevante nesta paródia? Hã... o Pinho, pois claro! O sr. da Economia que pretende atrair investimento chinês em Portugal oferecendo baixos salários, que procura contentar o fecho de fábricas com pretensos futuros empregos que afinal já existiam e por ai diante...
É um autêntico ALL Porreirismo no engana o zé povinho...

E será que a desgraça está completa?
Não! Infelizmente não...

O único ministro aparentemente competente na sua pasta é exactamente aquele que podia ser, digamos, um bocadinho mais complacente connosco, pobres assalariados!
Falo das Finanças. Livra, que os tipos dos impostos ultimamente não perdoam uma! Esta história de equilibrar o défice é lixado. Se bem que, assim ou assim, de uma forma ou de outra, a malta até já está habituada a pagar a crise...

quinta-feira, junho 21, 2007

Vale a pena ver...

... com paciência até ao fim! E escutar bem...

http://www.youtube.com/watch?v=xIfBwHKw9xw

segunda-feira, junho 18, 2007

Em terra de cegos... quem tem olho é Rei!

E mais uma vez me sento com a firme vontade de não parecer negativo. O que não é fácil face ao rumo a que os dias deste Portugal nos levam.
Começa a ser evidente (ou deveria...) para a maioria dos portugueses, que os méritos deste governo quanto ao chamado equilíbrio governamental estão no corte de despesas e não na criação de riqueza. Na despesa de alguns entenda-se, nos que não tem poder para incomodar, nos que mais necessitam, nos demasiado fracos para terem forças para reclamar.
Dos fracos não reza a história é um dito por este PS levado literalmente à letra. E, se há pensionista que reclame por cada vez mais sentir que perde poder, ia dizer de compra mas é mais de viver, pois então que se lhe retire a vida que é menos uma despesa!
Sim! Pergunte-se com toda a propriedade, quem vai ser criminalmente, repito criminalmente penalizado, por uma paciente ter morrido por falta atempada de cuidados de saúde, apenas e só segundo a óptica de redução de despesas?; Ou quando o mesmo acontecer a uma grávida em complicações de parto, impossíveis de serem resolvidos no interior de uma ambulância, a caminho de Espanha?; Ou até mesmo no caso da professora, literalmente obrigada a trabalhar até à morte?!
Mas este País vive, infelizmente, cada vez mais mergulhado na sua velha valsa de questiúnculas e seus derivados, que consistem em saber se o PM é efectivamente engenheiro ou não (quando o mais importante para aferir da sua honorabilidade era apurar se houve ou não fraude documental ou processual e qual o seu grau de implicação), se um funcionário público pode ou não contar anedotas sobre o caso e que poder tem uma «funcionária/simpatizante» deste partido que nos desgoverna para levantar processos disciplinares contra terceiros face aos «telhados de vidro» que aparentemente acarreta.
Hã, como vai ser lindo ver como funcionam as simpatias e os «poderzinhos» de certos «chefes de repartição» idiotas e filhos da puta, de repente com o poder de atribuírem méritos e desméritos a funcionários públicos. Cheira-me que o deboche vai ser uma alegria para alguns…
Infelizmente este Povo parece andar demasiado amorfo e mais preocupado com o seu próprio umbigo! E só parece dar conta do atoleiro para onde o transportam quando, como se costuma dizer, o azar lhe bate à porta!
Verdade seja dita, o mais sofrível disto tudo é olhar à Direita, olhar à Esquerda e não vislumbrar uma única alternativa decente e credível. Por muito menos começaram muitas encapuçadas ou declaradas formas de ditadura, por muito menos alguns países foram arrastados para o caos.




*

Tenho a perfeita consciência que esta é uma visão demasiado pessimista. Vivemos afinal, e felizmente, numa democracia. Mas nem mesmo as democracias são regimes perfeitos e, diga-se de forma assumidamente redundante... «democráticos». Há formas de transportar «democraticamente» um Povo num sentido. Principalmente um Povo a quem parece agradar, talvez pela segurança aparente que tais lideranças provocam sobre as inseguranças individuais de cada cidadão, atitudes autoritárias. Assim se explica a saudade que certos nomes continuam a suscitar. Se entendo o sentimento em alguns que nesse tempo viveram e desse regime retiraram proveito e proventos, só o percebo nos mais jovens pela ideia subjacente de, do mesmo modo, poderem também lucrar alguma coisa, quanto mais não seja a satisfação dos seus mais primários instintos masoquistas.
Bolas! Vivi a minha adolescência num País governado por uma ditadura. Tinha coisas boas, não sei quais, mas tinha certamente coisas más, realmente muito más. Não creio que uma ditadura, seja ela dita de esquerda, seja ela designada de direita, se distinga nos seus objectivos finais. Mal por mal, prefiro viver num País em que, de forma mais ou menos correcta, possa dizer o que penso e o que acho.
Pois, por muito que me custe a admiti-lo — e, reconheço, demorei a admiti-lo por o achar demasiado inverosímil, demasiado «Ficheiros Secretos», este governo tenta desesperadamente controlar a opinião e a informação dos órgãos de comunicação deste País. Nunca, em nenhuma outra situação ou em qualquer outro governo, passado o desmando revolucionário de Abril, o poder se imiscuiu tanto nas redacções. Creio que nem mesmo quando a ele lhe pertenciam a maioria das rádios, jornais e televisão deste País. Ou se o fez, foi de forma muito menos encapotada, ordinária, primária e cobarde, como actualmente tenta fazer.
Controlar o acesso à informação de um Povo é uma das melhores formas de controlar a sua vontade e o direccionar. Felizmente, hoje, há a internet, felizmente hoje é juridicamente possível e mais fácil fazer um jornal (mantê-lo é outra coisa...) e felizmente, hoje, os portugueses estão um bocadinho mais instruídos.
Aliás, creio mesmo que definitivamente mais instruídos quando se lhes esgota o trigésimo crédito contraído para pagar os anteriores, quando percebem que aquelas folhinhas que o Banco lhes deu aquando do crédito hipotecário e onde constavam as prestações da casa, face a uma previsível subida da taxa de juros, eram mesmo para serem lidas e tomadas em conta, quando descobrem que o familiar perdeu direito a um benefício, porque o Estado se furta sem aviso ou razão, ou quando o mesmo Estado se demite das suas obrigações constitucionais, repito constitucionais porque constam na constituição, de prover, por exemplo, educação e saúde para todos sem distinção... e o rol poderia continuar...
Mas, triste, triste mesmo, é olhar à Direita, olhar à Esquerda, e não vislumbrar alternativa credível!



*


Não que se olhe em frente e se encontre. Houve um tempo em que, sem acreditar nas suas capacidades, acreditei na sua vontade. De Sócrates, entenda-se.
Ele, o PM que vive rodeado, ainda não percebi se de incompetentes, se de perfeitos asnos. Às vezes, e acredito pelo que leio e oiço que não seja só eu a senti-lo, dizia, às vezes, as asneiras são demasiadas e exageradamente primárias, para parecerem realidade. Até parece que eles concorrem entre si a um qualquer prémio! Desde o Campos árido da Saúde — que ora fecha ora nunca previu fechar hospitais, ora tem dinheiro para financiar abortos ora se calhar terá que por as crianças a pagar taxas moderadoras —, ao desatino desértico do Lino — que se esquece que é no seu Conselho de Ministros que se decidem fechar escolas e hospitais na margem Sul, ora quer um aeroporto da Ota ora encara outras alternativas, ora quer só um aeroporto ora encara dois — passando pelo caruncho do Pinho — que assegura os baixos salários dos portugueses ora promete novos empregos que já existem —... venha o Diabo e escolha! Não que a Educação ou a Cultura sejam melhores; são simplesmente menos más, dizem um bocadinho menos de disparates e acabam por passar despercebidas.
Realmente começo a entender que só acabe na política quem não consiga outro emprego ou espere um dia poder vir a lucrar com os conhecimentos pessoais que entretanto adquirir. Quem realmente for competente neste País ou envereda pelo privado ou, mais inteligentemente, emigra. Os poucos casos de nomes realmente competentes que passaram por este ou por outros governos, na verdade acabaram por «bater com a porta» rapidamente. Se calhar, digo eu, eram demasiado honestos para tanta bandalheira!
Eu sei, volto a repeti-lo, talvez esta seja uma visão demasiado pessimista da realidade; mas... olhem-se para os autarcas e sucessivos escândalos; olhem-se para alguns ministros, secretários de Estado e, em abono da verdade, interroguemo-nos: são coerentes? São capazes? Mostram competência? Ou, ainda mais facilmente: seríamos capazes de lhes comprar, por exemplo, um carro que nos quisessem vender?
Oh God, olhe-se à Direita, olhe-se à Esquerda, e vislumbre-se alternativa... onde está ela?...


*

O mais curioso disto tudo, mas que em parte advém exactamente da questão com que acabo cada trecho, é que, quanto mais a popularidade do governo se afunda, mais a de Sócrates sobe ou se consolida.
Não se tentem encontrar explicações demasiado fáceis; elas são muito mais complicadas, filosóficas e rocambolescas.
Quem é o maior fatia de eleitores deste País? Mulheres, claro! E Sócrates é ainda, o menino que muitas mães admiram, o homem firme e com autoridade que a outras fascina. Quando as mães se sentirem desiludidas «na pele» e o resolverem colocar «de castigo»; e quando as restantes descobrirem que confundiram a segurança da autoridade com o despotismo do autoritarismo a que nem leis da paridade, da IVG e outras que tais ditas para consolidar o papel da mulher já conseguirão convencer, aí então… bem pode Sócrates arrepiar caminho...
É que para o género feminino, pior do que desculpar uma traição, é sentir que conseguiram fazê-las acreditar numa mão cheia de nada.
E nada, não existe.
Mesmo com a sorte que o homem tem de, seja pela Direita ou pela Esquerda não se descortinarem alternativas...
Realmente!

*

Mas chegue-se de falar em desgraças governativas e abordem-se outras. O caso do rapto da criança inglesa, por exemplo!
É impressão minha, impressão repito, ou há qualquer coisa que começa a não bater certo na atitude dos pais?
Quer dizer; eu até entendo que alimentem constantemente os media com informações. Coloco até a hipótese de, directamente deles ou de alguém próximo, terem surgido algumas falsas pistas (casos do telefonema espanhol ou mais recentemente da carta anónima holandesa), simplesmente para não fazer cair o caso no esquecimento.
Mas, chamemos-lhe um pressentimento, há qualquer coisa, há atitudes que não parecem bater certo. Já as tive aquando do caso Joana, a menina desaparecida também no Algarve e cuja mãe foi acusada de homicídio. Sempre me inclinei para a hipótese dela ter sido simplesmente vendida e tudo não ter passado de uma orquestração com o fito de evitarem desvendar o seu paradeiro, esperando que a falta de provas, neste caso o corpo, acabasse por ilibar os réus. Não fosse talvez a trapalhada criada pela desavença então existente entre a GNR e a PJ e talvez o desfecho tivesse sido outro...
Mas adiante; neste caso, é igualmente estranho não haver informações — ou sequer conhecimento de que tal tivesse sido feito —, de averiguações profundas à hipótese da criança ter sido levada para fora do País de barco. Teria sido a forma mais fácil e até provavelmente a mais segura para os raptores!
Por outro lado, também não vi em nenhum lado a possibilidade pura e simples, da menina ter abandonado, pelo seu próprio pé, a casa onde se encontrava! E se as crianças são capazes de fazerem coisas que julgamos impossíveis...
E, no meio de tudo isto, não é que um cidadão inglês parece ter comprado o apartamento? Mas então ele estava à venda? E com tantos que certamente há nessas condições, logo aquele?
Hã, sem esquecer que há dinheiro para gastar num estádio de futebol em zona de guerra, mas aparentemente não para equipar a PJ de um laboratório e de pessoal que forneça em tempo útil o resultado das análises efectuadas às provas recolhidas...
Enfim...

*

O Estádio a que me refiro fica situado nos arredores de Belém, na Cisjordânia. A sua construção foi financiada por Portugal e «custou-nos» dois milhões de dólares.
Somos definitivamente um País rico, mãos largas, um País onde dois milhões de dólares pouco serviriam aos mais carenciados e indigentes.
Acho que nem vale a pena falar mais de uma infra-estrutura que, esperemos, não seja um destes dias destruída pela aviação israelita por acharem que no seu interior se agrupa uma qualquer facção palestina hostil.
Questione-se apenas: chama-se… Estádio Portugal? Eusébio? Vasco da Gama? AllGarve? Galo de Barcelos? Zé Povinho? Enfim, qualquer coisa portuguesa nem que seja «tremoço»? Nã… não parece!


*

Vivi, nos últimos trinta dias, o efeito da total desorientação em que este país está a mergulhar. Por circunstâncias demasiado extensas para estar a relatar, a minha carta de condução foi «caçada» por trinta dias.
Há efeitos desagradáveis como o facto de estarmos demasiado acomodados à ideia de termos carro; durante esse período, a vida, até mesmo profissional, tem que ser ajustada, ainda que, em abono da verdade, motivos piores existem que nos podem impedir de conduzir.
Evidente que, para aumentar a provação, é exactamente nessas alturas em que surgem situações imprevistas que nos obrigam a «inventar» alternativas para não deixar de estar presente quando, por exemplo, uma das filhas recorre às urgências hospitalares.
Mas tem o seu lado bom: andamos mais a pé e de bicicleta (até é possível ir às compras e gasta-se menos pois não se carregam supérfluos!) além de se poupar o ambiente recorrendo mais aos transportes públicos.
O que eu não sabia é que a penalização acessória não começa e acaba no simples facto de entregarmos a carta e passado o tempo determinado, recolhermo-la.
Não! As provações começam no facto de o ofício nos dar 15 dias para organizarmos a vida e indicar-nos termos que nos deslocar à delegação da DGV na área de residência.
Ora:

1.º A DGV oficialmente já não existe mas mantêm-se em funcionamento porque não se sabe bem o que a substituirá
2.º Face a isso, muitos funcionários pediram transferência, outros a reforma e os parvos que restaram ficaram com o trabalho, pois não se admite pessoal para um organismo que não existe

3.º A DGV, o que era ou que é, da área de residência, pode ficar a quilómetros, enquanto que a mais próxima do local de trabalho a centenas de metros, mas há que cumprir a lei.

4.º Existe ainda a possibilidade de o fazer num Posto da GNR. Se eles quiserem. E em três deslocações ao mesmo posto, da primeira não queriam, da segunda aceitavam e da terceira, que pensei definitiva, nunca tinham ouvido falar de tal

5.º Contacto telefónico com a DGV não há, Ou melhor, há um call center que nada informa e onde as funcionárias arrogantemente parecem estar a mascar pastilha e arranjarem as unhas…

6.º Mas, milagre dos milagres, atenderam o telefone em Setúbal. E simpaticamente disseram-me para enviar a carta pelo correio, registada e com aviso de recepção, mais um vale postal e envelope para a devolução. Depois, em data próxima, que voltasse a ligar para os lembrar, não fosse com a falta de pessoal…

7,º É evidente que nem voltaram a atender o telefone, nem na data recebi de volta a carta. O feriado em Lisboa permitiu-me a deslocação — sim de comboio e de bicicleta para bem da saúde —, onde, hora e meia de espera numa sala onde o tecto falso demonstrava a abundante invasão de água e explicava o cheiro a humidade que empestava o ambiente superlotado (e nada de casas de banho), lá fui atendido.

8.º Atendido de forma simpática! Ineficaz mas simpática. Mas tinha sorriso! Tive pena e senti admiração. Pensando bem acho que nem era simpatia; era já a pura resignação da funcionária face a todas estas condicionantes! Após investigar, sim efectivamente a carta já me tinha sido enviada pelo correio na semana anterior. Não a tinha recebido? Bem, os correios demoram tempo… Uma carta registada é de um dia para o outro? Olha que engraçado, não sabia!
Senti vontade de lhe perguntar se achava que a carta iria de Setúbal a Lisboa de bicicleta! Bem, e que tal dar-me o número de registo? Assim investigaria o paradeiro da mesma… Ui! Não era possível, eram muitas! Mas certamente amanhã tê-la-ia! Senão… telefonasse!

9,º Depois de abandonar a DGV vencido pela exasperante sensação de frustração, lembrei-me que, naquelas duas horas, jamais ouvira um telefone tocar ou alguém falar através de um…

10.º No dia seguinte recebi uma carta registada. Era da DGV. O carimbo do correio indicava ter sido enviada no dia anterior!


*


Isto já vai demasiado longo o que explica porque não sei fazer bilhetes postais. Terei queda para testamentos?


*

Mas não quero deixar de falar de um assunto, antes que volte a levar um valente puxão de orelhas. Às vezes evito personalizar demasiado o que escrevo, mas há factos que não me é possível evitar.
Tal como aconteceu há uns meses com a sua irmã, coube agora à fã n.º 1 dos Morangos e dos 4taste fazer anos.
Há partidas que a vida me prega, imprevistos que acontecem e me obrigam a mudar de rumo e ela foi certamente não apenas um dos maiores como verdadeiramente o mais agradável.
Esta miúda é um risco, uma partida e um sobressalto constante desde o dia em que, não mais do que cinco meses após o nascimento da sua irmã, ter decidido começar a formar-se. E, quando ela decide, o facto consuma-se!
Com o seu nascimento veio o primeiro susto de uma alergia por ter estado à sombra (!) na praia, por, quando ainda mal andava, logo cair e abrir um lenho na cabeça que quase fez desmaiar… a irmã!, das múltiplas idas ao hospital prestes a desfalecer por aguentar estoicamente e com toda a energia febres, infecções e dores além dos limites…
Mas, claro, também pelos «ouvidos de mercador» a todos os alertas, por, de tão sossegada até aprender a andar rapidamente passou a um diabrete completamente imprevisivel mal percebeu como era fácil equilibrar-se, da rápida, segura e decidida opção de deixar a fralda...
Quando aqui há meses falava e defendia o «Não» ao aborto, não o fiz de ânimo leve. Não irei voltar a discutir o assunto, apenas nunca deixei de sentir que o fazia com propriedade, sentimento e razão!
Face a todas as circunstâncias da altura em que se constatou a gravidez, cheguei a ouvir que essa poderia ser uma solução. Nunca tal conversei com a mãe delas, certamente que ela o terá ouvido também, mas, entre nós, nunca tal situação necessitou sequer de ser equacionada.
Evidentemente, tive a sorte de ela ser — pese embora todas as divergências que hoje temos quanto à educação das filhas —, uma grande mulher e uma grande mãe! Foi complicado para os dois, para ela foi certamente muito mais.
Hoje, quando olho para a Filipa, sinto que todos os desesperos, todas as noites mal dormidas, todas as férias desmarcadas, todas as ginásticas orçamentais e todas as dores de cabeça tidas (mais as que certamente por ela virei a ter)… compensam!
Não raras vezes, consegue ser desesperadamente embirrenta na sua teimosia, na sua falta de tacto a julgar o que a rodeia ou a interrogar, até no seu aparente desinteresse por tanta coisa… Noutras, dou por mim fascinado como tanta rebeldia se transforma num ápice na mais pura preocupação, doçura e dedicação; no fascínio e interesse perante pequenas outras coisas (aleluia!), nas perguntas complicadas e com oportunidade, no seu rápido sentido prático e no fino e corrosivo humor com que remata e não raras vezes frustra as minhas longas dissertações!
E, há momentos em que dou por mim a perceber, como parte do meu desespero advém de atitudes iguais às que eu tinha na idade dela!
O que então disse aquando dos anos da irmã, aplica-se inteiramente a ela. Faço questão que saiba que jamais deixarei de reivindicar, em gestos e atitudes, o meu papel de Pai, mas também de amigo e de alguém que, embora às vezes um pouco perdido e desesperado, tenta entender para além das palavras e das acções. Esse é, certamente, o meu maior desafio, mas que aceitei deste o momento em que nasceu. Por tudo aquilo que recebo em troca e porque todo o meu equilíbrio e complemento emocionais residem aí: nelas. E se as souber bem… estarei bem também!