O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

quarta-feira, abril 25, 2007

Tá cara a revolução, pá!



Cavaco Silva, que no ano passado já tinha sido o primeiro presidente, sem cravo vermelho na lapela, a discursar na AR durante as comemorações do 25 de Abril, foi desta vez ainda mais longe ao fazer um dos mais interessantes e pragmáticos discursos a que a praxe obriga nesta data.
Ao lembrar que para os jovens o 25A pouco ou nada diz e mesmo para os que são um pouco mais velhos o assunto não merece a importância que outros lhe querem dar, Cavaco mais não fez do que constatar o que realmente se passa hoje em Portugal.
Aliás, pelo preço a que os cravos estavam este ano, começo mesmo a desconfiar que a intenção de oferecer as flores vermelhas no Largo do Carmo em 74, foi apenas uma jogada antecipada de marketing das floristas!...
Felizmente, há cada vez mais gente, gente jovem, bonita e empreendedora que vive descomplexada e descomprometida com o passado, e neste passado incluo sobretudo a forma derrotista de pensar e agir tão portuguesmente vivida pela «velha guarda».
É tempo de enterrar o fado da saudade e do miserabilismo; de uma vez por todas, em vez do remoer imóvel em torno do que deixámos de fazer, fizemos de mal ou os «outros» não deixaram que fizéssemos, chegou a altura de seguir em frente e, adaptando a frase de J. Kennedy, equacionar o que pode e deve ser feito de bom e de útil, para o bem e para a riqueza individual.
Certamente que se assim fosse, o resultado seria o progresso do colectivo. O contrário é daqui a outros 20, 25 ou 30 anos, os poucos que ainda se lembrarem de continuar a comemorar a data, fazerem-no com uma mais económica papoila silvestre ao peito, já que a inflação e o baixo nível de vida deixou de lhes permitir a compra do cravo!
Assim como assim, creio que, nessa altura, caso ainda se considere feriado, a maioria só se chateará mesmo, caso o dia 25 calhe a um sábado ou a um domingo!
Há coisas que nunca mudarão…




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Tinha prometido a alguém que me é muito especial, escrever algumas palavras em memória ao meu pai que teria feito anos este mês.
Pese embora o risco de com isso se duvidar de que eu também tivesse mãe, foram os recentes acontecimentos políticos nacionais que mais me trouxeram à memória uma frase que dele ouvia quando pretendia encerrar uma das nossas discussões politico-ideológicas ou com que gostava de rematar a leitura do jornal: «A política é uma coisa muito suja, meu filho!».
À distância do tempo, com a calma e a compreensão com que a idade inevitavelmente nos brinda, descubro surpreendido que nunca percebi ao certo qual era o seu quadrante político. Penso mesmo que ele não era de «quadrantes», antes o homem racional mais preocupado com os afectos que eu alguma vez conheci, mas que, infelizmente já tarde de mais, consegui entender.
A frase, que oscilava entre a de cima e a «A Política é a coisa mais porca da Terra…» é pois uma das coisas que dele guardo e, ironia das ironias, que mais vezes me tem vindo à mente nos últimos dias.
Amo-te Pai e perdoa-me por não ter tido a inteligência de já não poder ir a tempo de to dizer, olhos nos olhos como gostavas de falar…




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«Só sei que nada sei». Quem disse isto? Sócrates pois claro! Qual? O «nosso» PM! Quando? A propósito das certidões de habilitações da Independente, das fichas na AR, sobre a isenção de propinas que ele diz ter recibos que comprovam o pagamento, etc, etc…
A menos que… a menos que Sócrates não seja só um! Hã, mas isso explicaria tanta coisa!... Sobretudo a quem, como eu, quase crê na patologia da bipolarização do PM. Sim, porque só por bipolaridade ou pura e rematada hipocrisia é que se defende e se pretende cativar o eleitorado feminino com afirmações sobre a lei da paridade ou do aborto serem a favor da mulher! A ser assim, talvez fosse interessante saber então, porque raio este é, entre os governos mais recentes, aquele em que menos mulheres fazem parte… Será porque no PS não há mulheres com «estatura» (não é piada a Maria de Belém, juro...) para tal? Mas… não há membros do governo «independentes»? Então porque carga de água é que o sr. Sócrates considera que não há mulheres com capacidades para o desempenho de tais missões?
Hum?... Em que é que ficamos? Há paridade ou não?
E depois… Educação e Cultura? Não podia ser mais discreto? Já agora… E se Administração Interna fosse a «lida» da casa, o Costa ia para Ministro de quê?
Exercício 1 da Demagogia.




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Demagogia, infelizmente, não é mal que ataca apenas o PS. Marques Mendes foi desastroso antes da entrevista do PM, após a entrevista e, se calhar, até durante a entrevista!
Por momentos temi que também estivesse imbuído no espírito das revelações bombásticas como as conferências de imprensa da Universidade Independente…
De resto MM é um daqueles típicos casos que concorre e chega mesmo a confundir-se com a sua própria caricatura. Corre até mesmo risco desta conseguir ser tão ou mais credível, e ele, Mendes, torna-se a caricatura de Pentes do «Contra Informação», tal a concorrência nos disparates.
Ponha-se o «Ganda Nóia» na S. Caetano à Lapa e poucos darão pela diferença… e daí, talvez até reparem… mas para melhor!
Exercício 2 da Demagogia.




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Demagogia passou também a ser a palavra de ordem no PP… e de PP, mas a isso acho que já todos nos habituámos. Para mim, o ponto alto nada teve a ver com as eleições directas. Mais ou menos pela mesma altura em que se votava, a Antena 1 transmitia uma entrevista gravada a Portas, conduzida por Flor Pedroso. A terminar deixou ao convidado a escolha da música e a justificação para tal.
Só que, «Ave Maria» de Ennio Morricone soou mais a toque de finados do PP (partido) do que ao cunho de «Missão» que PP (o dito cujo) quis dar ao seu regresso.
Bolas! Quanto mais entrevistas oiço de Helena Sacadura Cabral mais me interrogo como é possível ele ser filho de sua mãe!
Exercício 3 da Demagogia. O triunfo.. ou um réquiem?




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Ou não!...
Há, claro, o Bloco de Esquerda!
Só o exercício da demagogia explica o «peso» que adquiriu nas últimas eleições. Atenção, no entanto… há «pesos» que também acabam por ajudar a afundar mais rápido quando o ambiente se começa a tornar… mais pantanoso! Ou movediço...




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Hesitei mas não resisti, nesta onda de demagogia, a comentar a comicidade perigosa que trouxe aos noticiários a auto proclamada extrema-direita nacional, ou como raio eles pretendem ser tratados.
O perigo que as demagogias populistas acarretam deve ser encarado a sério. Durante anos pensei que o conhecimento da História ajudaria a evitar que se cometessem erros futuros; a própria História encarrega-se de me mostrar o quanto estou errado ao pensar assim. Isso e também o ir vendo a quantidade de palhaços de suástica tatuada que por ai vão pulando de galho em galho…
Mas não só. Irrita-me também o crescente «encolher-de-ombros» nacional perante um cartaz pespegado em pleno centro de Lisboa — justiça seja feita à reacção, com ou sem fins publicitários não importa, dos «Gatos…» — e a aparente sensação de esperada impunidade com que alguns falhos de inteligência dessa área, violavam a lei e a constituição.
Justiça seja feita à acção das autoridades de investigação policial, mas irrita-me profundamente a passividade da maioria dos cidadãos.


É SEMPRE CURIOSO VERIFICAR QUE OS QUE MAIS RECLAMAM E GRITAM PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO QUE A DEMOCRACIA LHES PROPORCIONA, SÃO GERALMENTE QUEM MAIS DESEJA E DEFENDE IDEOLOGIAS QUE RESTRINGEM ESSAS MESMAS LIBERDADES, EM REGIMES AUTORITÁRIOS, POLICIAIS E CASTRADORES DE IDEIAS E PENSAMENTOS OPOSTOS.

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