Ontem ouvi coisas arrepiantes na boca de um apoiante do Sim à liberalização. Mais ou menos isto:
«Se os custos com uma criança com problemas sociais podem sair mais caros ao Estado, mais uma razão para liberalizar o aborto»
É realmente dificil rebater o argumento pela idiotice do conteúdo; quantificar uma responsabilidade social, a mais das vezes incompetente em todas as partes - progenitores e Estado que deveria assegurar o bem estar da criança numa nova família se for caso disso - e estabelecer uma comparação com os custos médicos de um aborto é... enfim, é de realmente ficar sem argumentos com a estupidez que a ideia encerra em si.
Não tarda estarão a dizer que os casos de violência infantil que ultimamente se têm verificado são culpa da lei que impede o aborto livre! A idiotice é a mesma; primeiro, parte-se do princípio que os envolvidos teriam optado pelo aborto no caso dele ser permitido (e que o fariam nas 10 semanas propostas no referendo....); depois, meus senhores, a verdade é que a responsabilidade é não apenas dos dementes que exercem tais actos de violência, como dos intervenientes sociais que alertados para os factos, foram acumulando desculpas para não agir em devido tempo!
Tais crianças não tiveram culpa em nascer e, sobretudo não tiveram a oportunidade de escolher os pais e os familiares!
É de facto curioso: há tempos li que a única circunstância em que o ser humano não exerce o instinto de sobrevivência que lhe é inacto desde o útero materno, é quando faz mal a si próprio! Pensar que é exactamente o mesmo ser humano a exercer actos de agressão, a mais das vezes letais, sobre seres que gerou, faz com que deixemos de acreditar no que quer que seja...
O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.
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sexta-feira, janeiro 05, 2007
Mais arrepiante não há!
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2 comentários:
ja percebi q es literalmente contra o aborto... compreendo!
se me permites a opinião, esta questão nao devia ser abordada de forma tao generalista como é... cada caso é um caso, e ha certamente casos q o justificariam... so para teres uma ideia porque digo isto: estava gravida de 5 meses quando numa reunião de uma turma foi dada a informação que uma aluna (15 anos) estava gravida do padrasto...nao imaginas como me senti... antes do meu filho nascer nasceu o dela primeiro... que ao que sobe, foi imediatamente dado para adopção... quando a aluna regressa para a escola nao me esqueço da sua expressão, do seu comportamento... e perguntava-me:será que alguem lhe pediu opinião? deixam-na seguir com uma gravidez por principios cristãos... retiram-lhe a criança por vergonha cristã... a religião cristã (eu sou cristã) defende a não violencia... o q fizeram aquela criança foi de uma violencia atroz... nunca fiz nenhum aborto, mas perdi duas gravidezes espontaneas e sei o que se sente.. nao sou contra o aborto assim como não sou a favor.
Cada caso é um caso... e um facto é que os abortos fazem-se, e ate enchem os bolsos a oportunistas (muitas vezes sem condições e pondo em risco a vida das maes..)
para mim a questão esta no mesmo pé que a eutanasia: em nome da vida, prolonga-se o sofrimento atroz... é muito complicado...
Antes de mais obrigado.
E não, não sou literalmente contra; nem por motivos cristãos, nem outros. É verdade que, até como pai, também não sou a favor excepto nos casos previstos pela lei. Mas também não me agrada a perspectiva de pensar numa mulher encarcerada por o ter feito, pois o que passou já é suficiente mau ou penalizador, como quiseres...
O caso que apresentas é naturalmente complicado e não te retiro razão ao dizer que cada caso é um caso; sobretudo neste, não sabendo se existiu violação ou não (o que a lei prevê), mas também não encaro a hipótese de consentimento perante uma criança de 15 anos, por mais imagem de maturidade ela apresente. Mais uma vez a responsabilidade recai sobre os adultos, o que provocou o caso e mais uma vez foram adultos a decidir, ao que parece. O difícil, neste caso, é sempre avaliar, à priori, que danos maiores poderiam recair sobre a jovem: se o aborto, até porque depende do estágio em que foi descoberta a gravidez, se um parto sem vivência da maternidade. Será que o seu filho não é hoje uma criança feliz que faz feliz um casal? Por muito injusto, egoísta e desajustado este pensamento possa parecer, a verdade é que, não havendo condições para que se possa criar e educar uma criança, a atitude tomada foi a mais correcta, quanto a mim...
Agora generalizando a questão. Se a decisão fosse fácil e concensual o PS não se preocuparia tanto em alijar responsabilidades com um referendo; até porque se sabe bem qual é a sua opinião! Basta ver os cartazes que mandaram fazer, para uma campanha que supostamente não deveria ser partidária!
O que se passa neste caso concreto é que este assunto e este tema, nas circunstâncias actuais, mais não servem do que para desviar atenções. Como bem sabes, melhor até do que eu porque lidas com situações complicadas do ponto de vista social, mais elas se colocam e complicam pela falta de meios humanos e económicos para os resolver ou minimizar. É verdade que pelo meio também há, às vezes, falta de vontade todos sabemos! Mas não consigo entender e muito menos aceitar, que se argumente com falta de verbas para ter equipas sociais que acorram em devido tempo a situações de risco com crianças, e depois se queiram impor condições para que, quem queira, possa abortar em estabelecimentos públicos, «passando» à frente de casos graves de saúde que esperam e desesperam...´
É verdade que quem queira pode muito bem recorrer ao privado. Mas sabendo bem que:
1.º A maioria das mulheres que aborta nem sempre tem condições económicas para o fazer, pelo que as chamadas «parteiras de vão de escada» irão continuar...
2.º A maioria dos abortos ocorrem para lá das 10 semanas
3.º Apenas centenas dos milhares de abortos ocorrem em Espanha
4.º Muitos casos acontecem por desleixo, falta de educação social
Pergunto-te: é um flagelo maior do que igual número de sem-abrigos ou de crianças à espera de adopção?
Porque ninguém se lembra de lhes fazer também de lhes fazer um referendo para lhes melhorar as condições de vida? Só os muitos milhares de euros que se vão gastar com esta discussão estéril, bastariam para fazer feliz muitos deles...
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