O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

A Figurinha do CHEFE!


A figurinha do Chefe, aquela que tão brilhantemente surge retratada na série «Office», é o ser que insiste em ser simpático e dizer piadas para ver quem se ri mais com os disparates; quem o fizer é o mais competente.

O Chefe não chega tarde e por isso gosta de controlar o horário dos subordinados. Se por acaso não está presente para o fazer, o que geralmente acontece, foi porque no dia anterior teve que sair muito tarde e em todos os outros está em trabalho no exterior.

O Chefe gosta de promover. Geralmente um acólito que sonha um dia vir a sentar-se no lugar dele e que, por isso, gosta muito de o informar sobre tudo o que se passa ou ele imagina. Claro que como tem a estúpida ambição de deixar de vir a ser gozado pelos outros colegas, um dia arranjará maneira de tramar o chefe para também poder ter um acólito às suas ordens.

O Chefe geralmente reconhece-se por ter as desculpas mais esfarrapadas para estar onde não deveria; nomeadamente atrás das portas a escutar...
... ou para interromper uma conversa entre dois funcionários, temendo que estejam a falar dele ou, pior ainda, que possam estar a falar de trabalho.

O Chefe é por natureza muito Macho, fazendo questão em agir como um galo ao se afirmar sobre as subordinadas; mas como tem sempre muito que fazer prefere partir à conquista das que lhe deem menos trabalho, desde que depois lhe possam proporcionar umas histórias para se afirmar junto dos companheiros de copos...

O Chefe é sempre muito simpático com as visitas; mesmo que não sejam para ele, afinal tem que mostrar quem é que ali supostamente manda.

O Chefe gosta muito de encontros fora do local de trabalho, de utilizar expressões como «a minha segunda família», de promover jantares para poder ter motivos para distribuir beijinhos e palmadinhas nas costas sem que ninguém se consiga furtar e, por fim, agradecer com a voz embargada e lágrimas nos olhos, a presença de cada um. O que pelos menos só abona a seu favor, pois reconhece o sacrifício...

Mas nessa altura ainda não sabe nada sobre a troca de bilhetinhos que aconteceu enquanto fazia o discurso da praxe. É sempre uma seca porque os bilhetinhos dizem sempre o mesmo, já que o discurso também nunca varia.

Habitualmente o Chefe que faz tanta questão nesses encontros, ou vive profundamente solitário, ou tem que ter uma desculpa para se furtar de casa; é que lá ninguém é obrigado a aturá-lo, já não têm paciência para o fazer, o que o faz sentir-se um verdadeiro injustiçado por não lhe reconhecerem a «autoridade».

Com mais ou menos variações, um dia ele descobriu que reconhecer e lamentar-se disso, também servia como frase de engate...

O Chefe faz sempre questão em ser compreensivo com os problemas pessoais de cada um dos subordinados; afinal é também uma oportunidade de poder falar dos seus e ninguém ter coragem para recusar-se a ouvi-los...

Se o Chefe passa muito tempo ao telefone ou na internet em programas de conversação, está obviamente a informar-se ou a controlar «o bom andamento do trabalho».

Quando está fora, o Chefe gosta muito de telefonar. Sobretudo quando está em lugares públicos e carece de atenções, quando está com alguém que pretende impressionar, ou quando está com um superior e almeja demonstrar que controla tudo. Aliás, o Chefe é uma pessoa que sente tanta falta dos seus subordinados, que geralmente ainda nem saiu das instalações e já está a telefonar aos desgraçados que lá ficaram a pensar que finalmente poderiam trabalhar sem serem interrompidos...

O Chefe é aquele que julga que a Autoridade se impõe. Ainda não percebeu que ela se conquista naturalmente quando se demonstra que se é mais inteligente e se tem mais capacidades, e que, por isso, se revela merecedor do lugar que se ocupa.

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