O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Retalhos...

«Estou grávida!
Sim, estou grávida!
Grávida!
Grávida!
Grávida?!
Grávida!
Repeti para mim mil vezes a palavra grávida. Grá-vi-da. Soletrei-a.
Não conseguia pensar.
Não conseguia reagir.
No fundo já desconfiava, como quase sempre acontece. O atraso, percebo agora até algumas subtis mudanças no meu corpo e no meu humor.
Ainda não disse nada ao Jorge. Ele vai adorar saber. Vivemos juntos há dois anos. Alugámos um pequeno apartamento e temos vindo a mobilá-lo consoante pudemos. O sofá onde agora estou sentada a olhar para o papel que atesta a minha condição de futura mãe, veio de casa da avó.
Mãe. De repente a palavra teve um outro sabor. Mãe! Como se soletra a palavra Mãe?
Será menino? Será menina? Ainda é muito cedo para saber... até podem ser mais do que um!
Os pensamentos atropelam-se na minha cabeça, só o papel parece preso às minhas mãos e os meus olhos presos a ele.
O Jorge ia gostar de saber! Estive hoje no Centro de Saúde. A médica que me atendeu foi muito simpática, mas parecia que já estava um pouco cansada de ouvir sempre a mesma história. Disse-lhe a verdade: que tinha agora arranjado finalmente emprego, que o Jorge não ganhava muito, que a vida não estava para aventuras; se agora resolvesse ter o filho, bem podia esquecer o trabalho. Ela informou-me apenas o que tinha que fazer, onde ir e o que dizer.
Parece que só tenho que pagar 5 euros, o que me deixa mais tranquila. Ainda bem. Puxa, estava aflita! É que no meu emprego há uma senhora mais velha que não consegue engravidar. No outro dia disse que andava a fazer uns tratamentos que não eram comparticipados e que, para os pagar, teve que fazer uma hipoteca ao banco...»

1 comentário:

Anónimo disse...

Estas palavras fantásticas trouxeram-me à memória o turbilhão de sentimentos que senti quando há quase cinco anos atrás descobri que também eu tive a sorte de ficar grávida... Nem queria acreditar em tanta felicidade! Não pude deixar de sentir uma lágrima silenciosa correr de saudade!