Vivemos na era do imediatismo, do sensacionalismo, da necessidade da diferença sem que tenhamos coragem para a assumir ou façamos dela mero instrumento de exibicionismo, mas também da agressão encapotada e constante à forma individual de sentirmos e olharmos o mundo.
Diariamente somos agredidos por coisas de que não gostamos e à quais parece que somos «obrigados» a reagir de imediato. De imediato, sempre, porque parece que o tempo voa, as coisas passam e corremos o risco de parecer atrasados se temos a leviandade de nos detemos para pensar.
Caramba! É sempre tudo imediato! Imediato e efémero. Só não passa o que nos magoa nesta incessante teoria da vitimação…
Quantas vezes perdemos o hábito de ouvir e meditar nas palavras que escutamos, de nos determos perante um gesto, palavras e movimentos que, nos parecendo agressões, não passam muitas vezes de meros grito de alerta?
E quantas vezes encontramos coragem para assumir a custa e a responsabilidade dos nossos actos? Quantas vezes, custando muito eu sei, «damos o braço a torcer» reconhecendo que errámos, que erramos e que erraremos sempre porque não somos seres perfeitos nem máquinas programadas, temos sentimentos, temos vontades, temos gostos e temos necessariamente maneiras diferentes de encarar cada coisa... mas é tão mais fácil alinharmos pelo que nos impõem, pelo que nos oferecem, por essa identidade colectiva a que uns chamam «modas e tendências», outros globalização.
Temos vergonha do remorso porque ele nos outorga a culpa ou a assumpção da responsabilidade, sendo no entanto o remorso um dos sentimentos mais belos quando nos move à correcção e ao conserto dos erros…
E onde nos leva todo este imediatismo?
Por causa dele, hoje em dia muitas relações são fugazes. De pequeninos somos habituados a comprar as coisas prontas; quando se estraga, quando já não nos serve… deita-se fora e compra-se novo. E, depois, não temos tempo! Não há tempo, numa montanha de actividades e interesses para nos distrair, acabamos por aplicar às amizades e aos relacionamentos em geral o mesmo princípio…
Tudo fugaz e efémero… não temos tempo. Ou não temos vida?!
O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.
segunda-feira, setembro 11, 2006
Não temos tempo...
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1 comentário:
A que o dizes...
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