O meu caderno de desabafos. O meu diário. O meu espaço de catarse; de psicanálise. O meu livro de reclamações. A minha janela para o mundo. Eu. O meu blog. As minhas excitações. As minhas frustrações. As minhas paixões. A vida. A minha, de quem me rodeia, a que eu vejo e sinto. Dentro da lâmpada. Dentro do Mundo.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Como eles gostam de buzinar!


Os condutores portugueses — e falo apenas desses pois sou com eles que mais sofro... — têm uma relação fetiche com a buzina! Só pode ser assim, não perdendo a oportunidade de a utilizar, mal qualquer complicação de trânsito se levanta. Aliás; nem tal é preciso. Desconfio mesmo que alguns já têm a mãozinha preparada mal a luz verde se acende e têm um ou mais carros à sua frente...
Deve ser um qualquer trauma de infância, daqueles que gostam de prolongar depois do hiato que foi tocarem a campainha no triciclo ou na bicicleta, até mesmo às campainhas das portas só para chatear...
Se fosse um daqueles sociólogos que volta e meia aparecem na televisão a revelarem explicações absurdas para coisas simples, diria mesmo que era uma coisa primitiva, que permanece ainda nos seus genes. São descendentes directos do homem das cavernas que não prescindiam do corno a tiracolo para volta e meia puderem assoprar... quanto mais não fosse quando se cruzavam uns com os outros, ou transpunham, em fila, apertados desfiladeiros e o da frente resolvia parar para satisfazer uma qualquer necessidade fisiológica...
E das duas uma: ou já não transportam o corno ou o que têm não faz barulho… ou não serve para assoprar. Os mais fanáticos, aqueles que não perdem um «buzinão» mesmo que não tenham a ver directamente com o assunto, são também os que mais vincam a sua faceta primitiva ao instalarem nos seus automóveis buzinas com o som de uma vaca, por exemplo… dando logo a vontade de os mandar pastar!
Há também os mais elaborados que dispõe de buzinas com outros sons ou mesmo voz gravada, geralmente a mandarem-nos aquela parte; geralmente são os cobardes ou os esperançosos que também colam no vidro traseiro do carro um autocolante a dizer «Traseiro virgem; Não amachucar». Bem podem ter esperança.
Os camionistas são uma classe à parte; esses habitualmente têm uma vida entediada e o simples facto de puderem ter uma oportunidade para tocarem a potente buzina do camião (e a maioria das vezes não têm…), os torna mais homenzinhos e os faz esquecerem que só não podem puxar o banco mais para a frente para chegar aos pedais porque a barriga não lhes permite.
No fundo, no fundo, acho mesmo é que muitos gostariam é de ser condutores de ambulância, de bombeiros ou da polícia. E se aos primeiros até desculpo pois na esmagadora maioria das vezes até se trata realmente de uma emergência, já os últimos também têm o hábito de valerem a sua autoridade só por uma mera questão de exibicionismo. É vê-los…
Mas sem fazer desvios à questão do apito (uí… e por apito, então, o desvio era ainda maior…), ou os senhores que tanto gostam de usar a buzina têm uma frustração com falta de autoridade ou então é uma coisa fálica: na impossibilidade de continuarem a usar a boca para assoprar o corno, passaram a utilizar a mão para afagar o claxon…
Vá lá saber-se!...

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