PORTUGAL tem de facto sítios lindos e maravilhosos para relaxar e descontrair e alguns até podem estar escondidos bem próximo do local onde vivemos.
Há alturas em que preciso de estar só para colocar os pensamentos em ordem
e encontrar o sentido das coisas.
Preciso da sua proximidade, do seu contacto, de a ouvir e de a ver fervilhar de vida;
água é vida, a sua principal fonte geradora, mas também purificadora...
Mar e praia estavam fora de hipótese por razões óbvias de sossego;
e aqui, entre o som das cigarras e dos pássaros,
do borbulhar que o saltar da fataça faz na água,
no seu correr em pequenas cascatas, estirei-me sobre a pedra quente do sol
e senti a brisa correr ao longo do corpo
A visão era de pedra, cascalho, água e muito verde que se perdia na linha do horizonte
até se encontrar com o azul do céu
E à memória vieram os versos da «Paciência» de Lenine e Dudu Falcão:
«Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
E o mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára (a vida não pára não)
Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara (a vida não pára não... a vida é tão rara)
A vida é tão rara»
Mas a vida não é assim tão rara, não pode ser!...
Porque as coisas raras são preciosas e,
se tivessemos a consciência do quanto pode ser escasso o seu valor,
não o desperdiçamos em tempo perdido, com disparates e irritações sem importância.
Ou, como ainda no outro dia me lembraram:
«viver é a coisa mais rara do mundo, a maioria das pessoas apenas existe».
E sim! Aqui havia vida e era bela de contemplar...
Tanto assim era que, neste mesmo local, entre os sons da natureza
e na mais absoluta comunhão com ela
estabeleci uma ponte com a mais profunda vontade de viver!
Tirei toda a roupa e mergulhei nas águas mornas,
senti os pés enterrarem no cascalho e cortarem-se nas pedras pontiagudas e,
sem ver o fundo, dei dois pontapés que quase me quebraram o «dedão»,
já que a onda é brasileira...
Os peixinhos gostaram que tivesse revolvido o chão e agradecidos vieram debicar-me.
Sai e sequei-me na brisa do final de tarde,
esperando que não aparecesse por ali mais ninguém...
sinto que a vida se está a ir toda aos poucos,
nos lenços de papel que vou deitando para o caixote.
Mas, se me constipo, logo existo!
E se existo hei-de lá voltar para o voltar para o reencontrar...
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